(Mal día para pescar, URU/ESP, 2009)
Quando a lista dos enviados ao pré-Oscar foi divulgada, uma ausência chamou a atenção de todos. O excelente Gigante, que conquistou corações em vários festivais do mundo, não foi o escolhido pelo Uruguai. Em seu lugar estava Mau Dia para Pescar, adaptação de um conto de Juan Carlos Onetti, não tão comentada, mas tão sensível quanto.
O filme conta a história do malandro Príncipe Orsini, um homem de muita lábia que ganha a vida armando espetáculos de luta livre e confrontos com Jacob Van Oppel, um decadente campeão da Alemanha Oriental.
Percorrendo povoados do Uruguai, a dupla chega à Santa Maria, onde o desafio ganha ares de grandioso e atrai o público com a chancela do jornal local. Com tudo certo para que a aposta fosse ganha, porém, a insistência de uma mulher faz com que as coisas saiam bem diferente do programado.
O casamento perfeito de um bom roteiro com belas imagens é percebido logo nos primeiros momentos do filme. A coerente trilha sonora, que traz em si toda a decandência das figuras que vemos na tela, torna essa espécie de viagem de Dom Quixote com pitadas de western ainda mais interessante.
Mas são os personagens o principal atrativo do filme. Jogando com as contradições, um lado do ringue é ocupado pelo pequeno engrandecido Orsini e o grandalhão sensível e quase indefeso Jacob, do outro temos a bela, forte e decidida Adriana e o submisso Turco. Além deles, um médico e um jornalista que mesmo aparecendo pouco, marcam sua passagem pelo filme.
Com uma direção segura, as atuações do elenco internacional são perfeitas na criação de cada uma dessas figuras. Sem se perder nos exageros permitidos por seu personagem, Gary Piquer cria uma das figuras mais interessantes do último ano, cheia de nuances interessantes. A dedicação de Antonella Costa como Adriana também chama a atenção, assim como o finlandês Jouko Ahola e toda as oscilações de seu Jacob, outro grandão apaixonante do cinema uruguaio.
Mesmo optando pelo batido começo com acontecimentos finais chamando o público, a montagem funciona muito bem e o tempo do filme é todo muito bem aproveitado. Algumas opções de enquadramento, principalmente as que expõe Adriana, são fundamentais para o resultado final.
Bem feito, bem interpretado e cativante, Mau Dia Para Pescar é um belo retrato do inexorável passar do tempo e um interessante olhar ao ser humano.
Outro exemplo de que o Uruguai sabe sim fazer filmes sensíveis e que não sejam nem pesados, nem frívolos e que tenham uma mensagem para passar.
Um Grande Momento
Apostando tudo.
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Drama
Direção: Álvaro Brechner
Elenco: Gary Piquer, Jouko Ahola, Antonella Costa, César Troncoso, Álvaro Brechner, Bruno Aldecosea, Alfonso Tort, Jorge Temponi
Roteiro: Juan Carlos Onetti (conto), Álvaro Brechner, Gary Piquer
Duração: 100 min.
Minha nota: 8/10