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Memórias de Verão

(Geçen Yaz, TUR, 2021)
Nota  
  • Gênero: Romance
  • Direção: Ozan Açiktan
  • Roteiro: Ozan Açiktan, Sami Berat Marçali
  • Elenco: Fatih Berk Sahin, Ece Çesmioglu, Halit Özgür Sari, Aslihan Malbora, Eray Ertüren, Eren Ören, Ozan Kaya Oktu
  • Duração: 101 minutos

“Alvoroço em meu coração
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol”

Um verão para rever o amor da infância em meio as idas até praias paradisíacas na Capadócia. Essa é a premissa simples, mas nem por isso desinteressante de Memórias de Verão, de Ozan Açiktan.

Banhada pelos mares Mediterrâneo e Egeu, a Riviera Turca é o cenário desse filme coming of age que arrisca quase não sair da friendzone ao narrar as tentativas de Deniz em se aproximar romanticamente de Asli, a amiga da irmã mais velha. Entre festas na orla, expedições para praias mais distantes, derrapadas nas rochas e insolações na beira da piscina, o garoto ainda vai fazendo nova amizades como o descolado Burak — com quem logo forma um trio junto com Asli.

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Memorias de Verão

“Viva mais, infinitamente”

Burak começa a conviver com a dupla e essa adição tira um pouco da mesmice de Memórias de Verão, já em seus 40 e tantos minutos de projeção. Porque a história parece realmente mais instigante no papel do que no filme, talvez uma falha a ser creditada ao diretor e responsáveis pela edição. Entre as idas à praia ou clube de dia, as reuniões do grupo à noite e alguns momentos a sós de Deniz com Asli, pouca emoção de fato joga a história para a frente; Sem ler a sinopse seria difícil adivinhar que o garoto gosta mesmo da loira, porque o que a atuação e a câmera entregam são apenas olhares de esguelha para a bunda ou os seios dela.

“Não mesmo. Só não quero esquecer”

O momento em que finalmente o adolescente consegue concretizar e demonstrar seu, digamos, afeto, talvez esteja mal colocado no arco narrativo da história. Afinal, ele está já há algum tempo passando boa parte dos dias e noites com Asli, mas não parece haver nenhum tipo de conhecimento mais profundo ou intimidade entre eles dois. São quase que colegas, o que é minimamente estranho tendo sentimentos de Deniz em jogo. Então, a troca, a conexão, o que seria para ficar no corpo; nos lábios; no coração; impresso na memória de ambos, não vinha. O momento passa rápido e não matura. A caracterização dos personagens também peca, talvez por um capricho maior, senão da mesma dimensão dos aspectos técnicos de Memórias de Verão, como o fato de ser tão bem fotografado e ambientado.

Verão de 85 (de Francois Ozon) ou Houve Uma Vez, Dois Verões (de Jorge Furtado) já exploraram o tema do amor de veraneio com mais graça, mais drama e mais paixão. “Talvez seja diferente esse verão…” é o que promete certa feita Deniz a Asli, mas Memórias de Verão segue em progressão até sua cena final nadando em águas mornas e pouco agitadas — o que é uma pena.

Um momento marcante
Banho involuntário no chuveiro

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Lorenna Montenegro

Lorenna Montenegro é crítica de cinema, roteirista, jornalista cultural e produtora de conteúdo. É uma Elvira, o Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema e membro da Associação de Críticos de Cinema do Pará (ACCPA). Cursou Produção Audiovisual e ministra oficinas e cursos sobre crítica, história e estética do cinema.
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