Crítica | Streaming e VoD

Natal Outra Vez?

Justiça para Chuy

(Reviviendo la Navidad, MEX, 2022)
Nota  
  • Gênero: Comédia
  • Direção: Mark Alazraki
  • Roteiro: Mark Alazraki, Juan Carlos Garzón, Angélica Gudiño
  • Elenco: Mauricio Ochmann, Ana Brenda Contreras, Manu Nna, José Sefami, María Rojo, Paula Espinosa, Romina Poza, Kaled Acab, Bastian Calva, Aldo Escalante Ochoa
  • Duração: 95 minutos

Mais um lançamento de Natal da Netflix, em uma seara onde tantos estreiam, não deveria fazer muita diferença. Mas esse sucesso vindo do México não tem como ser avaliado corretamente, principalmente no Brasil. Lembram do enorme hit que foi Tudo Bem no Natal que Vem, que Leandro Hassum estrelou há exatos dois anos? Pois é, a “inspiração” aqui em Natal Outra Vez? ultrapassa os limites do aceitável, em muitos momentos. Como ambas são produções da Netflix, existe um conflito de interesses entre as produções que não deveria significar nada para o público final. Mas a verdade é que os filmes se parecem e não dá pra fingir que não; se é plágio, remake ou apenas coincidência, não vem ao caso. 

Em qualquer outro país, um conflito entre uma produção mexicana e outra brasileira não é exatamente um problema insolúvel, mas nós somos um dos países envolvidos. Como o filme de Hassum é recente, e como essa ideia que ambos aproveitaram de títulos como Efeito Borboleta não sai de moda, Natal Outra Vez? carece de novidade, o que para uma produção natalina é ainda mais grave. Não sei se é o caso de fingir que não se trata de algo importante ou grave, mas a narrativa – copiada ou não – é chamativa, e essa premissa nunca passa despercebida: e se voltássemos no tempo sempre ao mesmo dia? De uma forma ou de outra, o filme ganha interesse por si só e prende atenção do início ao fim.  

Natal Outra Vez?
Jimena Zavala/ Netflix

Além dessas questões, Natal Outra Vez? não é necessariamente uma produção requintada. O que temos em vista é um filme bem modesto esteticamente, com poucas ambições gráficas ou estéticas, e que conta com essa solução de roteiro para chamar a atenção. Estando acordados que a narrativa funciona como sempre, o próximo passar (conquistar o público pelo pacote), não chega a acontecer. O filme lida com espaços repetidos e planos idem, e as soluções visuais nada agregam ao todo; o cenário quase se resume a uma casa e ao mesmo corredor de um shopping, com mais duas entradas de outras casas. Mesmo levando em consideração a modéstia geral, é pouco para um filme que já tem um problema prévio.

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Mauricio Ochmann segura bem as pontas do filme como o protagonista, e olha que a tarefa não é fácil, porque seu personagem (em tese) é descrito e reiterado por todos os outros personagens como alguém emburrado, de mal com a vida, carrancudo. Bom, ao menos comigo, o entendimento das questões do personagem foram totais, a subjetividade de Chuy bate comigo perfeitamente, e chego a achar que não há qualquer empatia dos outros com ele, um cara que tem todos os motivos do mundo para reclamar e achar a vida uma droga. Enquanto isso, o filme vende que ele deveria ser positivo com as relações e com quem os cerca no único dia do ano que ele tem para achar tudo péssimo – nascer junto com Jesus Cristo é uma concorrência pesada. 

Natal Outra Vez?
Jimena Zavala/ Netflix

Natal Outra Vez?, no entanto, é uma pedida de fim de ano típica, desses filmes natalinos com família enorme em cena, e tipos que com certeza serão identificados com facilidade pelo público. Não é uma perda de tempo, nem um aborrecimento sem fim, apenas mais um filme do período esquecível, que ainda se parece com tantos outros produzidos fora do período inclusive. A mensagem é quase sempre a mesma: seja legal com a vida, que a vida será com você. Sinceramente, Chuy é que sabe de si; seus parentes não são fáceis, o Natal destruiu seus aniversários, e ele é explorado justamente no dia que deveria estar comemorando. Se ele fosse meu amigo, receberia vários abraços e eu ainda o ajudaria a se livrar de meia dúzia de chatos. 

Um grande momento
Chuy conhece seu ‘fado’

Francisco Carbone

Jornalista, crítico de cinema por acaso, amante da sala escura por opção; um cara que não consegue se decidir entre Limite e "Os Saltimbancos Trapalhões", entre Sharon Stone e Marisa Paredes... porque escolheu o Cinema.
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