- Gênero: Comédia
- Direção: Florian Gottschick
- Roteiro: Florian von Bornstädt
- Elenco: Nilam Farooq, Paula Kalenberg, Jonas Nay, Louis Nitsche
- Duração: 88 minutos
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Nem todas as apostas em huis clos, quando você confina um número restrito de personagens em um ambiente, dão certo, mas é muito difícil apostar no formato e errar completamente. A identificação, as limitações de algumas situações e o humor característico surgem facilmente e se bem trabalhados rendem ótimas histórias. O filme alemão No Jogo do Amor parte de uma premissa não inédita, mas sempre curiosa, a troca de casais, e se encontra nessa dinâmica fechada entre quatro paredes.
Com uma linguagem rápida e jovem, que não tem nenhuma intenção de ser muito elaborada, conhecemos Janina, Maria, Nils e Ben. Superficialmente, sabemos de seus cotidianos e personalidades. A ideia do roteiro de Florian von Bornstädt, é, num primeiro momento, deixar a confusão um tempo com o espectador sem pressa para que ela seja esclarecida e provocar a relação de simpatia/antipatia com os personagens.
Como em exemplares do gênero, o resultado final depende muito das atuações e da química entre o elenco, algo que Nilam Farooq, Paula Kalenberg, Jonas Nay e Louis Nitsche entregam bem. Cada um a seu jeito, seja na frieza de Janina, na sensibilidade de Maria, no cinismo de Nils ou na insegurança de Ben, encontra o seu personagem e transita entre suas possibilidades, e o diretor Florian Gottschick dá espaço para que isso aconteça.
Porém, para que a engrenagem de No Jogo do Amor funcionasse melhor, era preciso haver um equilíbrio maior no roteiro. O que gera o jogo do titulo traduzido — no original o filme se chamaria “eu, você, ele e nós” — parte de uma trama muito individual, que acaba por quebrar a dinâmica, e é a mesma coisa que faz com que exista um protagonismo nocivo para a história como um todo, minimizando a importância de personagens em detrimento de outros.
Para além disso, há uma certa inconstância no ritmo, algo que, embora também seja uma falha do roteiro não se deva somente a ele, já que Gottschick tem muita resistência em encurtar suas cenas. Há passagens muito inspiradas, com ótimos debates e um humor que não é fino e recheado de ironia, mas também escrachado, que vai do besteirol à escatologia, mas por vezes elas duram tempo demais.
O modo como os conflitos se solucionam também podem deixar a desejar, mas até chegar até aí é inegável que muito se divertiu com o quarteto e sua ideia esdrúxula. No Jogo do Amor é aquilo que seus primeiros momentos deixavam claro que seria: um filme leve e divertido que faria rir sem grandes pretensões. Entre vivas-vozes, segredos, mentiras e muita conversa não é dos melhores e, nem de longe, o mais profundo huis-clos que a gente já viu no cinema, mas vai arrancar umas boas gargalhadas.
Um grande momento
4 minutos