- Gênero: Animação
- Direção: Tomer Eshed
- Roteiro: Johnny Smith
- Duração: 91 minutos
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Mais uma história de seres mágicos que deixam de viver com os humanos por suas características mesquinhas e bélicas. Todos os dias vemos provas de porque elas se repetem tanto na ficção, uma bem simples está no próprio nome do filme que no Brasil e nos EUA recebeu o nome de O Cavaleiro do Dragão — vejam o destaque — quando no original é Lung, der Silberdrache, ou “Lung, o dragão de prata”. Com um prólogo que apresenta de maneira divertida sua versão do mito dos dragões, o longa, inspirado na obra de Cornelia Funke, foca no dragãozinho Lung e sua melhor amiga, uma kobold, Sulfrônia. Ainda na fase de pp”acompanhar a conversa dos pais” de longe, eles resolvem sair numa missão para salvar o seu bando e, no meio do caminho, encontram seu cavaleiro.
Apesar de falar dos prejuízos da humanidade à espécie, inclusive com um vilão criado pelo homem, o longa se preocupa em dizer que existem, sim, pessoas que são boas. Ben, a primeira que encontram talvez nem tenha consciência dessa bondade porque embora não seja um dragão, é tratado como alguém sem lugar sociedade, como muitos, que à margem e sempre escondido. É nesse encontro de identificação que a história se estabelece.
Com suas cores e personagens carismáticas, O Cavaleiro do Dragão é atraente para os pequenos e sua mensagem é interessante por fazer pensar em questões importantes, mas escorrega ao exotizar e determinar salvadores num único papel, o aventureiro que recolhe e leva para sua reserva as espécies num outro grau de interferência. Muito melhor pensou essa figura Dash Shaw em seu Cryptozoo, uma animação nada infantil. Ainda que isso seja um detalhe diante de toda a trama é importante, principalmente para a história de Ben.
Outra coisa que incomoda é a atenção irregular que recebe Sulfrônia, a kobold que completa a trinca e que não chega a ser uma sidekick como o anão minerador de Ur Tiger, mas por muitas vezes deixa de ser relevante para a trama, diferente do livro. E isso não é apenas com ela, há toda uma tentativa de colocar os papéis femininos como relevantes, caso de Subisha Gulab, a maior dacrogóloga do mundo e com quem se faz graça com as interrupções constantes do marido.
São mensagens muito contraditórias, difíceis de serem ignoradas e que não combinam com a bonita história de superação de Lung e Ben no clássico e já cliché, mas sempre importante, você precisa acreditar em si mesmo. Enquanto técnica, embora não alcance a perfeição dos gigantes da atualidade, a animação em 3D chega muito perto, e ganha pontos pela mescla com o 2D em mais de um momento, e o melhor é o de traçado infantil para simular o deslocamento.
O Cavaleiro do Dragão é um filme fofo, que vai conquistar principalmente por seu protagonista grandão de olhos assustados, mas seria muito maior e mais relevante se não tivesse tanta coisa escondida — e nem digo que propositadamente, em uma sociedade que faz isso por padrão — em suas entrelinhas. Funciona para falar dos malefícios dos humanos para outras espécies, mas se esqueceu de olhar direitinho para o lado.
Um grande momento
O primeiro voo