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O Homem Perfeito

(O Homem Perfeito, BRA, 2018)

  • Gênero: Comédia, Romance
  • Direção: Marcus Baldini
  • Roteiro: Tati Bernardi, Patricia Corso
  • Elenco: Luana Piovani, Sergio Guizé, Marco Luque, Juliana Paiva, Eduardo Sterblitch, Dani Calabresa
  • Duração: 115 minutos
  • Nota:

Se tem um subgênero cinematográfico que encontrou o seu lugar no mundo, é a comédia romântica. Com uma estrutura já estabelecida, tem um poder com o público que poucos outros encontraram, mesmo com a cara fechada da crítica e um certo desprezo da cinefilia. Em filmes com uma fórmula realmente marcada, o diferencial está está no modo como as novas histórias se constroem. Em O Homem Perfeito, Diana é uma ghostwriter que acabou de ser abandonada pelo marido e precisa escrever a biografia de Caíque, um roqueiro machista.

Obviamente, Diana e Caíque não têm absolutamente nada a ver, mas acabam se entendendo graças à vontade dela de se vingar do ex-marido criando um fictício homem perfeito para conquistar sua nova namorada. O que vem a seguir é o esperado, mas há muita coisa interessante pelo caminho, como o cuidado com a construção da contradição de seus personagens, tanto os protagonistas quanto o novo canal de namorados. Ainda que exagere na definição dos homens e dê bem mais atenção à Diana, o que se vê tem o seu charme.

Com um roteiro de Tati Bernardi e Patricia Corso, O Homem Perfeito dosa bem o humor e sabe se aproveitar da química que estranhamente existe entre Luana Piovani e Sérgio Guizé. O diretor Marcus Baldini, de Bruna Surfistinha e Uma Quase Dupla, consegue se restabelecer da falta de imposição do último filme e controla bem o seu set, e até faz um bom uso das ideias que pega emprestado de outras comédias românticas, como o primeiro contato entre Piovani e Juliana Paiva.

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Luana Piovani em O Homem Perfeito (2018)

Seguindo a cartilha, O Homem Perfeito tem o objetivo claro de entreter. Não tenta ser elaborado ou requintado, e cumpre muito bem o seu papel, com personagens interessantes, uma trama fofa e uma competente trilha musical. Tudo está no lugar certo e talvez só incomode pelos motivos que comédias românticas no geral incomodam, mas, ainda assim, o roteiro – assinado por duas mulheres, claro – consegue fazer com que as coisas sejam muito menos graves do que tradicionalmente. Não há aquela marcação da necessidade do homem para a felicidade, a mudança de personalidade para que algo se concretize e até mesmo a disputa entre as mulheres chega a um lugar inesperado.

Entre estranhamento, envolvimento, afastamento e reconciliação tão tradicionais, as reafirmações de Diana, Caíque, Mel e Rodrigo são boas, não deixam nada a dever a outros exemplares do gênero e conseguem ser mais interessantes do que as escorregadas pelo meio do caminho, como situações irrelevantes que pouco acrescentam ou coadjuvantes meio abandonados à própria sorte.

O Homem Perfeito não é nenhum filme inesquecível ou de elaboração fenomenal, mas que cumpre bem o seu papel e está tão confortável no transcorrer de sua trama que ocupa com méritos o posto de uma competente e divertida comédia romântica. É um gênero que tem pouca atenção no nosso cinema, muito mais voltado à comédia, mas que poderia dar bons frutos. Sempre pode, basta tentar.

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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