Crítica | FestivalMostra de Tiradentes

O Signo das Tetas

(O Signo das Tetas, BRA, 2014)

Drama
Direção: Frederico Machado
Elenco: Lauande Aires, Rosa Ewerton, Maria Ethel, Nauro Machado, João Capistrano
Roteiro: Frederico Machado, Lauande Aires
Duração: 73 min.
Nota: 7 ★★★★★★★☆☆☆

Temática bastante comum na edição deste ano da Mostra de Cinema de Tiradentes, a busca interior de um homem é o que move O Signo das Tetas, novo filme de Frederico Machado. Em uma espécie de road movie maranhense, acompanhamos a jornada de um homem em busca de suas origens mais primordiais, à relação de afeto, dedicação e devoção materna.

Completamente diferente do título anterior do diretor, O Exercício do Caos, mais fechado e espacialmente restrito, O Signo das Tetas explora as estradas e recantos do estado do Maranhão, trazendo à tela o folclore local e muito da realidade regional.

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Aberto, o longa-metragem entrega ao espectador as imagens e eventos deste percurso e deixa com que cada um construa o seu próprio filme. Essa liberdade que transparece na tela, também parece estar presente no set de filmagem. Quem escreve os textos do filme, declamados como poemas pelo protagonista, é o próprio ator principal, Lauande Aires, e muitos dos eventos explicitados estão cobertos de realidade.

Como uma história de autoconhecimento, de encontro da personalidade, o filme vai se construindo a medida em que se desenvolve. Obviamente, tudo é calculado para chegar onde o diretor deseja, com algumas cenas previamente decupadas e inserções estéticas precisas, mas o aleatório também é parte importante do filme, trazendo à tela uma realidade difícil de ser combatida.

No meio de toda a fúria e desespero daquele homem, a figura materna, ou a busca por ela, toma corpo e cria um vínculo com quem está assistindo ao filme. É uma relação que poucos passaram a vida sem desenvolver e que deixa um vazio e uma necessidade eterna de preenchimento. É como se a ausência fizesse com que a busca por essa figura acabasse sendo uma realidade constante na vida de cada um, mesmo nos momentos menos conscientes.

A composição de Frederico Machado é cheia de imagens fortes e simbologias. Há um cuidado muito grande com o desenvolvimento de sua história, seja em imagens cuidadosamente pensadas ou na trilha musical que as acompanha.

O mesmo cuidado pode ser percebido na atuação de Lauande Aires, que consegue conter a teatralidade de sua carreira nos palcos e interage bem com a câmera, criando uma figura de fácil associação. Sem falar na qualidade de seus textos.

Uma viagem que talvez não atraia muitos, mas que conquista aqueles que nela embarcam.

Um Grande Momento:
O último plano, após os créditos finais.

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[18ª Mostra de Tiradentes]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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