(The Last Airbender, EUA, 2010)
Era uma vez um jovem e desconhecido diretor com um excelente suspense nas mãos sobre um menino que conseguia ver pessoas mortas e um psiquiatra especializado em traumas infantis. Um conjunto positivo de atuações, direção de arte, trilha sonora, roteiro, montagem e som transformou o filme em um dos preferidos do gênero e o tal diretor passou a ser admirado por muitos, ainda que tropeços colossais seguissem sua filmografia.
Parece que até então, mesmo depois de ser o responsável por filmes como Fim dos Tempos, A Dama na Água, A Vila, Sinais e Corpo Fechado, seu título de estreia, O Sexto Sentido, conseguiu enganar muita gente quanto à sua habilidade. E defender Shyamalan virou esporte favorito de muitos. Pequenos acertos perdidos em péssimos filmes não fazem de ninguém um grande diretor, mas o que seria do mundo sem a pirraça, não é mesmo?
Com toda a sua pseudogenialidade, o diretor indiano criado nos Estados Unidos resolveu se aventurar no mundo das adaptações e escolheu um dos melhores desenhos animados estadunidenses da atualidade para abusar de efeitos especiais e tentar contar uma história.
Ainda que salvo, pelo menos à primeira vista, das habituais lições de moral e tentativas antropológicas, O Último Mestre do Ar fracassa de maneira retumbante e, se é chato e ruim para quem não teve oportunidade de ver a série animada, é uma tortura para os fãs de Avatar – A Lenda de Aang.
A impressão é de que Shyamalan usou a história básica, nomes, locais e algumas definições, mas sequer assistiu a um dos episódios do desenho criado por Michael Dante DiMartino e Bryan Konietzko.
Com o mundo dominado pela Nação do Fogo, os povos de outras duas nações, Terra e Àgua, precisam se unir ao último integrante da Nação do Ar para restabelecer a paz. O escolhido é um menino de doze anos, Aang, o avatar. Ele consegue controlar todos os quatro elementos para que ajam de acordo com sua vontade e, em sua jornada, conta com a amizade do casal de irmãos Sokka e Katara e de seu enorme e esquisito animal voador.
Se a magia e ação estão sempre juntas no desenho, no filme a segunda prevalece claramente. O fato de a maioria dos personagens ser de crianças também é completamente esquecido e, sem a descontração e características infantis que dão leveza à história, nada parece fazer muito sentido.
Com emoção e paixão de menos, o filme vira um apanhado de lutas de elementos com coreografias rebuscadas e só. Muitos efeitos especiais, um elenco infantil competente e flashbacks explicativos disfarçados de meditação tentam segurar o espectador, que até se deixa levar pelo visual, mas segue até o final completamente desconectado da história.
É triste ver como algo tão interessante pode se transformar em um filme tão cansativo e raso. E, depois de muitas cenas megalomaníacas e estratégias de roteiro tão batidas que já não funcionam mais, fica a pergunta: até quando vão acreditar em Shyamalan? Quantos filmes irregulares e ruins ele ainda terá que assinar para ser descoberto?
Porque bons diretores podem até errar de vez em quando e ter em sua filmografia alguns títulos que, apesar de poucos acertos aqui e ali, são ruins. Ao contrário, maus diretores dificilmente acertam mais de uma vez.
Um Grande Momento
As coreografias das lutas.
Ver “O Último Mestre do Ar” na Netflix
Ver “O Último Mestre do Ar” no Prime Video
Olá, acredito que você se equivocou ao dizer que a longa passa a sensação de que o diretor sequer assistiu ao desenho, muito pelo contrário, a fidelidade nos acontecimentos foi impressionante. Gostei muito do filme, mas concordo que faltaram as descontrações infantis na história e o característico humor da série. Mas apesar disso, achei o filme ótimo. Acredito que diferente do que disse, os fãs do desenho animado gostaram do filme que foi fiel, teve excelentes efeitos especiais, boa coreografia, excelentes cenários, etc. Por ser fã da série, fica difícil avaliar a fluidez do roteiro, já que estava familiarizada com a história, mas talvez o mesmo não tenha fluido muito bem para quem não assistiu o desenho. Bem, espero que as sequências sejam produzidas e que melhorem nestes aspectos. Estou ansiosa para assistir!
Cansativo e raso são bons adjetivos para este trabalho de Shyamalan. O desenho era bem interessante e o filme me deixou com preguiça até de escrever sobre ele na época. Uma pena