Crítica | Festival

O Vento Sabe que eu Volto à Casa

(El viento sabe que vuelvo a casa, CHL, 2016)
Documentário
Direção: José Luis Torres Leiva
Roteiro: José Luis Torres Leiva
Duração: 103 min.
Nota: 7 ★★★★★★★☆☆☆

O documentarista José Luis Torres Leiva (El cielo, la tierra e la lluvia) acompanha o diretor chileno Ignacio Agüero (Cien niños esperando un tren) às ilhas chilenas em Chiloé para o novo projeto de filme do segundo. Mais do que um making of, O Vento Sabe que eu Volto à Casa vem falar do passar do tempo, de mudanças sociais, novas realidades e quebra de tradições.

É interessante ver Agüero chegando à cidade, depois de uma longa viagem de barco, tentando achar dados, locações e um elenco para filmar a sua história romântica: dois apaixonados, Juan e María, moradores de “partes diferentes” da Ilha de Meulin – uma para mestiços e outra para índios -, que sumiram em 1981.

O documentário sobre a tentativa de filme investe em pesquisar o local e encontra personagens muito interessantes, como a senhora solteira que não casou porque não admitia mudar, a idosa que não se lembra mais a ordem dos filhos ou o jovenzinho que encerra o filme ao lado do diretor frustrado.

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Porém, nem tudo o que se mostra é tão pertinente assim. As longas passagens na escola, com crianças e adolescente que fazem teste de elenco, destoam bastante do conjunto geral do filme. Além de ser monótono e, a partir de certo ponto, perder-se em seu próprio objeto.

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O Vento Sabe que eu Volto à Casa conta com uma bela fotografia de Cristian Soto (La última estación) e encontra no que está por trás da história sua principal força: a frustração de Agüero que está intimamente ligada a uma modernização que o acaba surpreendendo.

Certas situações quebraram o romantismo de casos isolados, o que se tem a mostrar é diferente daquilo que se espera, o que importa deixou de ser uma coisa e virou outra diversa. O tempo, em sua duração e aproveitamento, é outro; segue seu próprio ritmo e leva as pessoas a lugares que elas nem sempre gostariam de estar.

A contraposição de Agüero, hoje com 64 anos, e o menino sonhador com quem ele conversa, encerra isso de maneira muito explícita e pontual. Há melancolia, há frustração, mas também há a mudança e a renovação.

Um Grande Momento:
Sem notícias há 30 anos.

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Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=5whPoee2t-A[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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