(Quebradeiras, BRA, 2009)
Depois de Perdão, Mister Fiel, firmado em muitos depoimentos, o longa exibido no dia seguinte no Festival de Brasília consegue falar alto ao público justamente com sua ausência de palavras.
A vida das quebradeiras de coco de babaçu da região do Bico do Papagaio (situada entre os estados Tocantins, Pará e Maranhão) é acompanhada pelo diretor Evaldo Mocarzel de uma maneira inesperada por quem conhece seus trabalhos anteriores. Antigo adepto de muita entrevista, ele deixa que o filme fale por si. Com atenção e respeito, ele reconhece que os afazeres do dia a dia, as canções entoadas e a moldura daquela paisagem são mais do que suficientes para contar a história.
A música, outra inovação no trabalho de Mocarzel, e o tratamento de ruídos completementam a rotina cíclica e paciente das mulheres quebradeiras. A fotografia de Gustavo Hadba, com seus muitos enquadramentos estáticos e seu trabalho de uso da cor, é linda.
A simplicidade do filme parece ter bebido em várias fontes. Em debate, o diretor reconhece a influência do filme de Robert Flahert, Nanook of the Nort e, com tanta poesia na imagem, é fácil determinar um quê da nova escola documental mineira, também assumido por Mocarzel.
Ainda que tenha muita força, transmita o viver daquelas pessoas e o resultado final agrade, Quebradeiras não resiste a algumas repetições e planos maiores do que o necessário e pode cansar alguns.
Uma boa surpresa na filmografia do documentarista e, sem dúvida, uma linda e interessante experiência.
Um Grande Momento
O visual etonteante.
Prêmios e indicações (as categorias premiadas estão em negrito)
Festival de Brasília: Filme
Documentário
Direção: Evaldo Mocarzel
Roteiro: Evaldo Mocarzel, Marcelo Moraes
Duração: 71 min.
Minha nota: 7/10