Direção: Matteo Garrone
Elenco: Aniello Arena, Loredana Simioli, Nando Paone, Nello Iorio, Nunzia Schiano, Rosaria D’Urso, Giuseppina Cervizzi, Claudia Gerini, Raffaele Ferrante
Roteiro: Ugo Chiti, Maurizio Braucci, Matteo Garrone, Massimo Gaudioso
Duração: 115 min.
Nota: 8
(Reality, ITA/FRA, 2012)
Em seu novo trabalho, Matteo Garrone (Gomorra) aborda o sonho de se tornar uma celebridade instantânea e, a partir disto, saborear todas as regalias que os 15 minutos de fama (algumas vezes um pouco mais do que isto) podem proporcionar.
Reality conta a história de Luciano, um vendedor de peixe que aplica pequenos golpes para aumentar a renda em um bairro pobre da cidade de Nápoles. Extremamente carismático, sua fala eloquente e trejeitos fazem com que ele não passe despercebido em lugar algum. Atendendo a um pedido da filha, ele faz um teste para ingressar no programa Big Brother italiano e, convencido de que foi muito bem na apresentação, sua vida e a de sua família passam a girar em torno do tão esperado dia em que ele receberá a notícia de que é um dos escolhidos, e mais, com chances de ser o vencedor da edição.
Como qualquer outra família italiana, eles são barulhentos, dramáticos e exagerados. Garrone sabe se aproveitar disto, evidenciando os momentos de histeria familiar e “loucura” coletiva, quando o grupo mergulha na obsessão de Luciano para entrar no reality-show. Em meio a risos e gargalhadas proporcionados pelos personagens, o espectador é tocado pela melancolia do palhaço, cada vez mais clara à medida que os dias passam.
Reality é uma clara homenagem ao mestre Fellini, com suas muitas passagens oníricas, e chama atenção pela técnica apurada. Garrone abusa de diversos planos-sequência, alguns sensacionais como a tomada aérea seguindo uma carruagem, e tem no elenco um de seus grandes trunfos, com destaque para a magnífica atuação de Aniello Arena, um presidiário (preso há 18 anos por assassinato) que faz parte de uma companhia teatral, como Luciano. Mesmo com todas as qualidades, o filme peca na transição para o seu final. A partir de certo ponto ele perde o fôlego que apresentava no começo e se torna um pouco repetitivo.
Apesar disso, não foi à toa que Reality venceu o Prêmio do Júri em Cannes neste ano. Ele é um convite à reflexão que em nenhum momento deixa a crítica de lado. A Itália na qual Luciano vive é pobre e o sucesso, um delírio. Utilizando-se deste conto de fadas moderno, onde a ilusão de se vencer um reality-show é o maior objetivo de vida, Garrone faz uma fotografia inteligente da sociedade atual.
Um Grande Momento
A cena inicial.
Links
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