- Gênero: Fantasia
- Direção: S.S. Rajamouli
- Roteiro: Vijayendra Prasad, S.S. Rajamouli
- Elenco: Ram Charan, N.T. Rama Rao Jr., Ajay Devgn, Alia Bhatt, Olivia Morris, Shriya Saran, Ray Stevenson, Alison Doody
- Duração: 187 minutos
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Em sua prolífica indústria, com a segunda maior quantidade de filmes produzidos — são milhares de títulos lançados por ano — e dono do primeiro lugar em número de ingressos vendidos, o cinema indiano encontra espaço para vários gêneros e experiências audiovisuais. Porém, além de marcas dessa cinematografia que a fazem muito particular, há um certo apego por narrativas épicas que vez por outra surgem com algum destaque. É o caso desse novo RRR – Revolta, Rebelião, Revolução, disponível na Netflix, que caiu no gosto popular a despeito das suas mais de três horas de duração.
Cheia de fôlego e adrenalina, a megaprodução busca antigos mitos védicos e inserções regionais para fabular a História da Índia no período de colônia inglesa, com todos os absurdos e abusos sofridos, e as rebeliões pela libertação. Quem conduz a história são Ram, uma máquina em forma de gente, soldado impecável e implacável que parece ter se voltado contra o próprio povo para servir aos ingleses; e Bheema, um filho da floresta que parte para Deli para resgatar uma menininha e é igualmente poderoso em suas habilidades físicas e de combate. Como em muitas produções do país, toda a apresentação — dos personagens e da trama em si — é grandiosa.
Nada que não se espere do diretor S.S. Rajamouli, que conquistou o mundo com Baahubali, e aqui, mais uma vez, não economiza nos efeitos especiais, nas câmeras lentas e muito menos na trilha sonora. E, sabe o quê? RRR é uma delícia de passatempo. O play preguiçoso no sofá vai se transformando e nada tem a ver com a sensação que fica durante a canção de encerramento do filme. Mesmo sem uma história perfeitamente encaixada, com flashback mal-arrumado ali no meio e personagens paralelos pouco ou nada desenvolvidos, é difícil resistir ao ritmo frenético, à mirabolância e à constante alternância de temperatura das cenas.
Embora tenha uma conotação bastante óbvia de homenagem, ainda mais explícita no encerramento, e, guardadas as devidas proporções (ou, pode-se dizer, acrescentando o pudor dos tempos em assumir a imoralidade do branco colonizador opressor), o longa alcança o nosso presente de retrocesso ao encontrar aquilo que nunca muda. Tudo isso sem esquecer de divertir o espectador. Claro que nesse combo, ainda que funcione mais lá do que aqui (será?), está uma atenção muito grande aos astros. Ram Charam e N.T. Rama Rao Jr têm cada músculo do corpo filmado em muitos ângulos diferentes, por exemplo, quase com a mesma dedicação dispensada às incríveis lutas que os apresentam e convidam o espectador para a trama, com uma multidão e animais ferozes. Há ainda os tradicionais números musicais com divertidas coreografias de dança e um potente confronto final.
Há algo curioso de se analisar em RRR, quando se vê num filme muito da mesma tecnologia que leva milhares ao cinema do mundo com tantas histórias e personagens repetidos ao longo de tantos anos em franquias infinitas. Elaborar sobre a própria História, buscar elementos mitológicos e transformar tudo isso em sabor audiovisual é possível em via direta, como objetivo primeiro. É criar para a tela prateada sem intermediários, algo que poucos reis de bilheteria fazem fora de lá. Além disso, é interessante ver tantos efeitos especiais que contrariam a onda que prega a diminuição desse uso (e não que ela esteja de todo errada, mas o motivo…), após o resgate de um sucesso dos anos 1980 com pilotos de caças aéreos. É como se aqui houvesse um como e um porquê, mas, o mais importante, e independentemente de perfeição ou não, um valeu a pena.
Muito próprio, particular, carregado de características de sua cinematografia e pegando emprestado algumas coisas de outras, RRR é diferente do que consumimos em massa e daquilo que está sempre no top da Netflix. E é fácil acompanhar o conto fantasioso e fantástico desses dois heróis, se divertindo com as muitas lutas, músicas e reviravoltas na trama. O passar dos 187 minutos quase não se nota.
Um grande momento
Ram, descendente da linhagem de Raghu e Bheema, o leão do clã Komuran.
Filme simplesmente perfeitoooooooooooo
Não entendi o porquê nesse filme abordar o Brasil como colônia da Inglaterra no minuto 27 seg 07… Achei estranho demais. O Brasil foi colônia de Portugal e não da Inglaterra!
No filme indiano RRR.