(Scott Pilgrim vs. the World , EUA, 2010)
Direção: Edgar Wright
Elenco: Michael Cera, Alison Pill, Mark Webber, Johnny Simmons, Ellen Wong, Kieran Culkin, Anna Kendrick, Aubrey Plaza, Mary Elizabeth Winstead, Satya Bhabha, Nelson Franklin, Brie Larson, Mae Whitman, Brandon Routh, Jason Schwartzman
Roteiro: Bryan Lee O’Malley (HQ), Michael Bacall, Edgar Wright
Duração: 112 min.
Nota: 8
Mas, graças ao recente movimento que chamo de indie-nerd, com a cena alternativa cada vez mais explorada e onde as referências a qualquer coisa que lembre alguma das atividades de um grupo social que de tão abrangente já perdeu a sua identidade, a série de Bryan Lee O’Malley foi descoberta.
Scott Pilgrim é um cara de 24 anos que mora de favor na casa de um amigo e não tem muitas preocupações na vida além de tocar baixo com sua bandinha, esquecer a ex que virou uma cantora de sucesso e ouvir os amigos o condenando por estar namorando uma menina de 17 anos que ainda nem terminou o segundo grau.
A vida de Scott muda quando ele conhece e se apaixona perdidamente por Ramona Flowers, uma americana de cabelos coloridos. Para que os dois namorem ele precisa derrotar a liga dos ex-namorados dela.
Além do argumento com cara de história de videogame, o filme usa, assim como a série de quadrinhos, tudo o que é conhecido deste universo, desde os mais antigos jogos de arcade até os jogos interativos criados para os consoles de última geração.
A brincadeira começa nos primeiros minutos com o letreiro todo pixelado da Universal e termina nos créditos finais, com referências a Super Mário, Galaga, Sonic, Time Crisis, Pac Man e Tekken. Claro que também está em várias citações do roteiro, nos efeitos e trilha sonoros, nas camisetas usadas pelos personagens e até no nome do local onde acontece a batalha mais importante.
A estrutura narrativa vai pelo mesmo caminho e divide a história em fases, como em um jogo, com contagem de pontos, vida, energia e uma dificuldade crescente. A atmosfera de videogame também facilita o tramitar entre espaços físicos e o tempo sem precisar de muita explicação.
Como se já isso não fosse complicado o bastante, o diretor Edgar Wright (Todo Mundo Quase Morto e Chubo Grosso) faz questão de introduzir outras linguagens ao longa. Por exemplo, a origem nas histórias em quadrinhos fica muito perceptível nas telas divididas e nas onomatopéias, assim como a claque remete facilmente à televisão e, mais especificamente, à série cômica Seinfeld.
Para um resultado tão positivo, Wright contou com a experiência de Bill Pope (Matrix e Homem-Aranha 2) na direção de fotografia, a ousadia de Jonathan Amos e Paul Machliss na edição e a percepção bem-humorada de Marcus Rowland, seu colaborador antigo, no desenho de produção.
O elenco de novas estrelas também merece elogios. A nerdice esquelética de Michael Cera (Superbad – É Hoje) cai como uma luva para Scott Pilgrim e a primeira impressão é a de que, mais uma vez, vamos vê-lo fazer a mesma coisa de sempre, mas a sensação desaparece no primeiro momento de ação da trama. Ramona também caiu como uma luva para Mary Elizabeth Winstead (Duro de Matar 4.0) que, além de linda com os cabelos coloridos, sabe como ser encantadora, enigmática e durona ao mesmo tempo.
Assim como Cera e Winstead, as demais escolhas de elenco também funcionam muito bem. Johnny Simmons (Garota Infernal), Mark Webber (Um Amor Jovem) e Alison Pill (Eu, Meu Irmão e a Nossa Namorada) estão bem como os companheiros de banda e a estreante Ellen Wong, como a namoradinha novinha. Sem falar no divertido vilão Gideon Graves de Jason Schwartzman (Viagem a Darjeeling) e nas rápidas e divertidas participações de Anna Kendrick (Amor Sem Escalas), Aubrey Plaza (Tá Rindo do Quê?) e Brandon Routh (Superman – O Retorno).
Entre tantas boas atuações, impossível não falar de Kieran Culkien (A Estranha Família de Igby) como Wallace Wells, melhor amigo e quase consciência de Pilgrim. Ainda que não seja o protagonista, Culkien consegue ser o dono de todas as cenas que participa.
Com cara de história que não daria certo na telona, Scott Pilgrim Contra o Mundo traz ao cinema de ação a ousadia e a mescla de várias receitas que deram certo. E mostra que as histórias em quadrinhos, videogames e filmes de ação podem ser feitos de uma maneira diferente do que vêm sendo feitos até hoje.
Um Grande Momento
“Seu cabelo está ficando meio cheio.”
Links
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=NPfaM_moVnA[/youtube]
*** Spoiler ***
Se você não viu o filme, não leia!
Nossa! Eu vi, e é muito legal, totalmente demaais!!
Legal no final do filme, quando ele tem que brigar com o “Eu” dele! Parece até que ele vai morrer, ser espancado de forma brutal, mas não. Acabam se dando totalmente bem! ^^
Eu achei simplesmente incrível, e talvez por falar muito das coisas que tanto gosto elegi como um dos melhores filmes do ano em que foi lançado.
E você disse tudo no final “com cara de historia que nao daria certo”. Poxa, é um videogame, é um quadrinho, é cultura pop, tudo na tela de cinema de forma que realmente funciona.
Pra mim foi excelente :)
Quero muito veeeeer!!!! Muito boa descrição Ciça! =D
Beijos, saudade!