- Gênero: Documentário
- Direção: Alek Keshishian
- Roteiro: Alek Keshishian, Paul Marchand
- Duração: 95 minutos
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Janeiro é o mês dedicado à conscientização da saúde mental. Mais de um bilhão de pessoas no mundo, segundo a OMS, tem algum tipo de transtorno mental e é por isso que criou-se no Brasil essa campanha permanente, chamada Janeiro Branco. A questão é séria, precisa ser discutida, desmistificada e tratada com seriedade. Selena Gomez: Minha Mente e Eu, longa que aborda a bipolaridade da famosa cantora e atriz que começou sua carreira ainda criança, é importante pelo potencial de alcance do relato. Conhecida mundialmente, sua experiência e sua voz levam essa realidade a um grande número de pessoas, não só que sofrem com o mesmo problema, como também aos que com elas convivem. E quanto mais informação, melhor.
Foi a própria artista quem quis expor sua intimidade por acreditar na importância daquilo que conta. Intercalando suas memórias a trechos de seu diário, o longa tenta trilhar a sua história e compreender a sua mente. Não é uma experiência fácil, já que o tom depressivo domina boa parte do filme, em especial nas inserções em que Gomez descreve sua percepção do mundo e de si mesma diante dele. O diretor Alek Keshishian faz disso algo ainda mais profundo quando enfatiza o sentimento em performances marcadas pela falta de cor, narradas em tom melancólico.
Há também muito do cotidiano de Selena Gomez acompanhado pelas câmeras que é pesado, seja relacionado com o lúpus, doença autoimune que ela descobriu ter em 2015 e já a levou a um transplante de rim; a insegurança relacionada à carreira; aos momentos de tristeza que surgem com o cansaço nas longas turnês, e as marcas deixadas pelo relacionamento tóxico com o também cantor Justin Bieber, ainda que abordado de modo discreto. Isso sem falar que o filme alcança o ano de 2020 e, inevitavelmente, os terríveis impactos da pandemia de Covid-19 no mundo e, em especial, nas pessoas que têm transtornos mentais.
Porém, Selena Gomez: Minha Mente e Eu não é apenas isso. Como na vida, e isso é ainda mais importante para quem enfrenta questões psiquiátricas, há muita coisa que não está nesse pólo negativo, e muitos elementos impulsionam e têm potencial para despertar um outro lado, de descoberta, autoconhecimento e tranquilidade. São momentos fulgazes, como um reencontro de alguém do passado, ou mais profundos, como uma viagem que expõe novos mundos e traz identificações, despertando um desejo de realização até então adormecido.
Na coragem de se mostrar inteiramente, Gomez faz um retrato sincero de si e fala abertamente de uma questão tão séria como a saúde mental, bandeira que abraçou e vem defendendo com bastante empenho. É importante expor as condições e os fatos, e dizer que essa realidade está em todos os lugares, agindo de maneiras diferentes e causando danos, mas também indicar caminhos e combater preconceitos. Ainda mais, é fundamental mostrar como falar sobre isso pode ajudar a melhorar tudo.
Um grande momento
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