O exagero é parte da proposta de Swollen. Porém, quando tudo é excesso, nada se sustenta. Roxy Sophie Sorkin aposta em um humor autoconsciente, esteticamente saturado e carregado de referências, mas seu curta parece mais interessado em exibir referências do que em construir algo que realmente dialogue com elas. No filme, por não quererem ser vistas inchadas, ensanguentadas e cheias de curativos, duas amigas recém-operadas discutem se devem ou não chamar a polícia após um assalto em sua casa. Poderia ser uma trama curiosa, mas ela rapidamente se perde em um jogo de diálogos e maneirismos.
Há coisas que se destacam na parte técnica, embora isso não alcance a intenção. A fotografia, por exemplo, é competente na realização, atenta à iluminação e às cores, mas não encontra substância narrativa. Tudo parece querer funcionar como piscadela, como se a simples citação fosse suficiente para sustentar uma identidade. A direção se preocupa tanto em manter a ironia que o resultado acaba preso a um tom uniforme, sem momentos de real surpresa ou risco.
O cenário, figurino e maquiagem trabalham para criar uma estética controlada, mas também revelam o quanto o filme é dependente da forma. Não há nada errado em priorizar o visual, desde que ele seja usado para ampliar o impacto da narrativa. Em Swollen, o estilo parece existir para ser notado. Invertendo prioridades é como se fosse mais importante ser reconhecido pela estética do que pelo filme em si.
Para além disso, o humor, que poderia tensionar a situação absurda, fica preso a um roteiro que gira em torno da própria esperteza. Sorkin, que também atua no filme, e sua parceira de cena Lily Rosenthal até têm química, mas estão limitadas a esse texto, que parece mais interessado em exibir frases de efeito do que em explorar a relação entre as personagens ou o absurdo real da situação. É como se as duas nunca corressem perigo, nem físico, nem emocional; ou mesmo como se não houvesse uma ansiedade real. Isso retira qualquer urgência ou graça.
Swollen acaba sendo um exercício que talvez funcione como cartão de visitas para a filha de Aaron Sorkin, mas que pouco oferece além da confirmação de que ela domina códigos, referências e ritmo de diálogo. Falta aqui a mesma ousadia que o filme acredita ter. O curta termina sem deixar marcas além de ser um trabalho visualmente caprichado, mas narrativamente oco. Parecido com suas duas protagonistas, é um filme que se satisfaz na superfície, mas não se arrisca a nenhum tipo de aprofundamento.
Um grande momento
Nada tanto assim