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Soldado Anônimo

(Jarhead, ALE/EUA, 2005)

A dureza da guerra, sua inutilidade e as marcas que ela deixa já foram explicitadas milhares de vezes em filmes. Irônicos, tristes, repetitivos e realistas, a maioria das produções sobre o tema tem em comum aquele vazio que fica depois que os créditos sobem. A sensação é ainda pior se o conflito foi declarado durante alguma das gestões da família Bush.

Sam Mendes, um crítico contumaz da sociedade americana, viu no livro auto-biográfico do ex-mariner Anthony Swofford uma oportunidade de falar sobre a falta de propósito de uma bola fora do governo Bush pai, apesar de não conseguir deixar o filme ter tanta política como deveria.

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Uma tropa de atiradores de elite é enviada ao Iraque para lutar na operação batizada como Tempestade no Deserto. Depois do rigoroso treinamento e de dias carregando armamentos pesados sob o sol escaldante do local eles esperam a hora certa para enfrentar os inimigos que nunca aparecem.

Com um visual maravilhoso, fotografado pelo craque Roger Deakins (“Foi Apenas um Sonho”), o filme traz toda a angústia de soldados que não sabem o porquê daquilo que vivenciam e tentam a todo momento não enlouquecer. A espera é realmente angustiante e com o passar do tempo, tudo fica ainda mais duro.

As atuações são o ponto alto do filme, com destaque especial para a participação de Peter Sarsgaard (“Fatal”) que surpreende como o soldado que não consegue manter a sanidade. Jamie Foxx (“Colateral”), apesar do papel menor, está muito bem e Jake Gyllenhaal (“Donnie Darko”), em seu filme pós-Brokeback Mountain, mostra que apesar de algumas travas consegue variar bem o estilo.

As referências sempre tão presentes no gênero são encontradas diretamente, como quando os cadetes assistem a Apocalipse Now ou indiretamente, quando algumas cenas lembram outras produções como “Nascido para Matar”.

Apesar de toda a beleza plástica e das qualidades, o longa peca, justamente, por ter uma influencia maior do que a necessária na platéia. Ao apelar por estereótipos e explicar sentimentos e ações, conduz a reflexão por onde quer e perde bastante a força.

Ainda assim, não é um filme ruim e funciona bastante. Principalmente pelo nó no estômago causado.

Um bom programa para aqueles que gostam de filmes de guerra. Os avessos ao gênero podem ver aqui um exemplar diferente do habitual.

Um Grande Momento

Sozinho com o corpo.

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Submarino

Guerra
Direção: Sam Mendes
Elenco: Jake Gyllenhaal, Peter Sarsgaard, Jamie Foxx, Scott MacDonald, Laz Alonso, Lucas Black, Dendrie Taylor, James Morrison, Chris Cooper
Roteiro: Anthony Swofford (livro), William Broyles Jr.
Duração: 125 min.
Minha nota: 7/10

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.

Um Comentário

  1. Sam Mendes sempre gosta de mostrar o quanto os americanos são bobões, previsíveis e estúpidos. Sempre manipulados pelo sistema…

  2. Eu gostei muito, por mais que não tenha se tornado uma crítica à política externa estadunidense acabou por se tornar um ótimo filme anti-guera em geral. Adoro a cena em que eles vêem Apocalypse Now pois mostra o quanto a lavagem cerebral é grande, afinal é um filme hiper crítico às guerras e a gente ouve os Mariners gritando URRAS como se fosse uma homenagem à eles… Abraços…

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