Crítica | Outras metragens

Bathroom Break

Um conto de constrangimento

O que parece banal se transforma rapidamente em algo fora de controle. Em Bathroom Break, de Brandon Okumura, duas jovens entram em um apartamento apenas para usar o banheiro. A partir daí, o espaço fechado vira palco para um jogo estranho de tensão, constrangimento e desconforto, onde cada gesto parece carregado de uma intenção que não se explica por completo.

Okumura constrói esse clima com economia. O ambiente é restrito, o silêncio pesa e o riso, quando surge, carrega um nervosismo que só aumenta. A sensação é de que qualquer movimento pode romper o equilíbrio precário que sustenta aquela visita. Não se trata de comédia leve, mas de um humor afiado que nasce do incômodo e da percepção de que algo ali não se encaixa.

O filme observa como dependemos de pequenas regras sociais para atravessar situações simples e como, quando essas regras falham, o que sobra é o caos. Nesse caos, a comédia acontece, mas não para aliviar. Ela reforça a estranheza e nos coloca diante da própria vulnerabilidade. Em poucos minutos, Bathroom Break consegue criar uma narrativa claustrofóbica e divertida, que prende o espectador não pelo que mostra, mas pelo que deixa no ar.

Um grande momento
A luta

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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