Com humor e uma certa melancolia, Sylvester Stallone conversou sobre a terceira temporada de Tulsa King, série da Paramount+. Aos 77 anos, o astro mostra que continua inquieto e disposto a revisitar suas próprias ideias sobre masculinidade, legado e afeto, temas que atravessam tanto o mafioso Dwight Manfredi quanto personagens icônicos como Rocky e Rambo.
Stallone contou na coletiva que a série nasceu com o desafio de criar uma história de gângster que não fosse engolida pela sombra de Família Soprano. “Muita gente dizia que depois de The Sopranos tinha acabado. Não tem mais o que contar. E claro que eu iria ser comparado”, comentou. O segredo para escapar do rótulo, segundo ele foi a humanidade. “Eu sempre achei que sem amor não há personagem. Até Rocky era uma história de amor. Em Tulsa King, começamos tirando tudo dele: família, esposa, filha. Ele precisa reconstruir esse lado.”
Mais do que violência, o que interessa ao ator é a vulnerabilidade, algo que, diz ele, falta em muitos protagonistas masculinos. “Muita gente não quer mostrar o lado frágil, mas sem isso você vira uma máquina, e ninguém se conecta com máquinas. Eu gosto que meus personagens se machuquem, se confundam, sintam medo. Aí o público embarca.”
Ao falar sobre o seu processo de escrita, Stallone confessou aos risos que seu processo de escrita é obsessivo, quase físico. “Eu escrevia Rocky com luvas de boxe. Em Rambo, escrevia no deserto com a mão queimada. É como matemática verbal, uma equação pra tudo fazer sentido”. O astro celebrou trambém o momento atual: “Agora tenho uma sala de roteiristas fantástica, e posso focar mais em atuar.”
O tema mais recorrente na coletiva foi a solidão. Stallone descreveu Dwight como um homem tardio tentando evitar a corrosão emocional. “A pior doença do mundo é a solidão. Ou você escolhe amargura, ou escolhe construir uma família. Mesmo que seja de desajustados.” Ele fez uma comparação com sua vida pessoal, revelando que só priorizou a família depois de enfrentar cirurgias graves e risco de morte. “Eu prometi que mudaria. E mudei.”
Embora veja Rocky como seu auge e diga que ali atingiu o topo, Stallone parece encontrar em Tulsa King um sentido mais calmo e mais íntimo. “Quero ser mais sincero, emocional e espiritual. Não tem nada a ver com religião; tem a ver com crescer como ser humano. Chegou a hora de colocar vida dentro da vida.”
Tulsa King está disponível na Paramount+.


