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Straight Outta Compton: A História do N.W.A

(Título Original, EUA, 2015)

Drama
Direção: F. Gary Gray
Elenco: O’Shea Jackson Jr., Corey Hawkins, Jason Mitchell, Neil Brown Jr., Aldis Hodge, Marlon Yates Jr., R. Marcos Taylor, Carra Patterson, Alexandra Shipp, Paul Giamatti, Keith Stanfield, Keith Powers
Roteiro: Jonathan Herman, Andrea Berloff, S. Leigh Savidge, Alan Wenkus
Duração: 147 min.
Nota: 6 ★★★★★★☆☆☆☆

Difícil não cair em maneirismos quando o assunto são as cinebiografias dos grandes nomes da música. Ascensão meteórica, sucesso, dinheiro, sexo, drogas, polêmicas e excessos. De Ray Charles, a Jim Morrison, de Piaf a Beethoven, entre tantos outros exemplos, cada um em seu contexto, todos seguem o mesmo roteiro trágico ou, no mínimo, dramático.

Dessa forma, Straight Outta Compton – A História do N.W.A não escapa do esquema (nem poderia), pois trata do controverso e polêmico mundo das Gangsta Rap. O longa produzido por Dr. Dre, Ice Cube e Tomica Woods-Wright (viúva de Eazy-E) revela os bastidores, intrigas e polêmicas de uma das bandas mais influentes do Rap.

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O roteiro de Jonathan Herman, Andrea Berloff, S. Leigh Savidge e Alan Wenkus narra o início da carreira de Dr. Dre e Ice Cube, tocando em pequenas bandas e espaços. Durante a gravação de um disco independente, Eazy-E, um traficante de drogas amigo de Dre, revela-se surpreendentemente uma ótima opção como intérprete e futuro integrante do N.W.A.

Desde os primeiros passos como rappers, Dre e Cube já lutavam contra a máquina comercial que quer produzir mais entretenimento e menos “cabeças pensantes”. No entanto, é justamente a mensagem forte, agressiva e explícita de suas letras contra o racismo, abusos de autoridades e glorificação da violência que chama atenção do público. Uma legião que, até então, não tinha vez nem voz para denunciar o seu drama diário.

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A direção de F. Gary Gray – famoso por videoclipes de grandes nomes do rap, incluindo os próprios Dr. Dre e Ice Cube – avança obedecendo a cronologia dos fatos, aliada a montagem que utiliza cortes bruscos e uma edição que deixa a impressão de estarmos vendo um clipe em longa-metragem, o que não fica mal aqui.

Paul Giamatti como o empresário Jerry Heller está muito bem no papel, soturno e oportunista. Suas atitudes contudo, são discretas, e ele é, na maior parte do tempo, introspectivo, uma incógnita. No entanto, maior destaque merece Jason Mitchell (Eazy-E) e O’She Jackson Jr. (Ice Cube). Não por acaso, a assustadora semelhança entre O’She e Cube tem explicação, trata-se do filho do rapper e ator. Os trejeitos, expressões e movimentos são representados com exatidão pelo estreante.

O longa presta uma homenagem a Eazy-E, mas se em partes relata os fatos de forma unilateral, não absolve nem purifica os envolvidos na trajetória do N.W.A. Os protagonistas não são “mocinhos”, ao mesmo tempo em que lutam contra o racismo e outras injustiças, eles próprios se mostram violentos e injustos em outras situações.

Em dado momento a história de Ice-Cube e Eazy-E toma maior espaço na tela, desde suas personalidades controversas até ao ponto em que depois de se separarem e iniciam um duelo de ataques e ofensas através das músicas. Quando os três integrantes do N.W.A. partem para carreira solo, Dr. Dre começa atuar mais frequentemente como produtor. É quando surgem de passagem nomes como Tupac Shakur e um novíssimo Snoppy Dog. É, mais uma vez, o legado desses personagens sendo mostrado.

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O roteiro é honesto, o que ele mostra e o que ele quer significar está ali, bastante claro, sem subjetividades. É o retrato não apenas de nomes e grupos musicais, mas de um momento ou de um espaço em que a mídia precisou aceitar e se moldar às vozes que vinham das ruas. Um produto em forma de protesto, grito em forma de canção.

Por outro lado, mostra tanto a força quanto o despreparo daqueles que atingiam o sucesso de forma meteórica, fato que ocorre ainda nos dias de hoje, mas tão supérfluos e passageiros que, ao contrário do N.W.A. (goste-se dele ou não), não marcam época e nem tampouco influenciam gerações.

A narrativa, aliada a boas atuações, faz com que Straight Outta Compton – A História do N.W.A mereça ser visto, e justifica a indicação ao Oscar de melhor roteiro original, indo além do sucesso de bilheteria nos Estados Unidos, mas pelo registro histórico cultural.

Um Grande Momento:
Duelo entre Cube e Eazy-E.

Oscar-logo2Oscar 2016 (Indicações)
Melhor roteiro original

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Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=qNJoVvN6sbg[/youtube]

Ygor Moretti

Ygor Moretti Fioranti, paulista nascido em 1980 e formado em Letras, trabalha como designer gráfico. É poeta esporádico, contista por insistência... Santista, cinéfilo, rato de livrarias, sebos e bancas de jornal. Assisti e lê de tudo, de cinema europeu a Simpsons; de Calvin e Haroldo a Joseph Conrad. Mantém o blog Moviemento e colabora na sessão de cult movies com O Cinemista.
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