- Gênero: Ficção
- Direção: Misan Harriman
- Roteiro: Misan Harriman, John Julius Schwabach
- Elenco: David Oyelowo, Jessica Plummer, Sule Rimi, Izuka Hoyle, Alan Williams, Nikesh Patel, Ellen Francis, Tara-Binta Collins, Amelie Dokubo, Ravi Singh
- Duração: 18 minutos
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Se o primeiro programa da abertura do 19º HollyShorts Film Festival não foi tão preciso na definição de um tema, embora ali estivessem grandes tópicos globais da atualidade; o segundo já foi bem específico em falar de um sentimento que aflige a qualquer ser humano: a perda. Seja pelo afastamento, o fim de um relacionamento ou por uma doença que vai nos tirando alguém que amamos em vida, ou pior pela morte abrupta, fruto da violência, a dor do vazio e da solidão são universais. E, embora não exista medida e nem meios de calcular intensidade, é possível imaginar o tamanho da dor de Dayo, um homem obrigado a sobreviver diariamente após a perda de sua filha pequena e esposa, assassinadas por um maníaco homicída.
O curta The After, uma produção da Netflix dirigida pelo renomado fotógrafo e ativista Misan Harriman, acompanha essa jornada melancólica de lembranças recorrentes e da tentativa de seguir vivendo, agora como motorista de aplicativo. Telefonemas trazem de volta um passado que o espectador teve a oportunidade de conhecer nos primeiros momentos do filme, porque a ele são apresentadas presença e ausência, proteção e impotência, o homem inteiro e o homem quebrado, que agora tenta preencher o seu vazio com pequenos trechos das vidas de outras pessoas.
David Oyelowo (Correndo contra o Tempo) encarna bem essa figura silenciosa imersa na dor, em uma atuação sutil, onde são as nuances que explicitam os seus sentimentos. Quase não há interações e é como se acompanhássemos ele acompanhando outras vidas, já que ter uma vida própria parecer ter deixado de ser uma opção para ele. A falta de caminhos e possibilidades já está tão estabelecida até então que em certo momento do curta é difícil vislumbrar alguma solução para aquilo que se apresenta.
Mas The After, embora opte pela superexposição em seu começo e deixe essa sensação ao se aproximar do final, é um filme que consegue retratar o sentimento, falando de algo complexo e que realmente não tem como ser solucionado ou contornado de qualquer maneira que seja. E acerta ao atingir a catarse com a visualização do futuro impossível, e a sensibilidade de alguém que olha para Dayo como quem está do lado de fora da tela, dando ao filme uma outra camada e trazendo outras discussões.
Um grande momento
O abraço