Crítica | Outras metragens

The Looming

O que se conhece

(The Looming, EUA, 2023)
Nota  
  • Gênero: Ficção
  • Direção: Masha Ko
  • Roteiro: Masha Ko
  • Elenco: Joseph Lopez, Brianne Buishas, Audrey Del Prete, Kolten Horner
  • Duração: 15 minutos

The Looming, curta-metragem de horror assinado por Marsha Ko, mergulha no desespero de Chester, um homem idoso de rotina comum que se divide entre a jornada de trabalho e os jantares ao lado de Luna, sua assistente virtual. Em meio a sua solidão, ele passa a ser assombrado por eventos sombrios e inexplicáveis que se repetem em sua casa. Há coisas assustadoras das quais não se consegue escapar.

Embora a previsibilidade não seja uma grande questão aqui, não é bom falar muito sobre a trama para não atrapalhar a experiência daqueles que ainda verão o filme. Dito isso, o curta é eficiente na construção de sua metáfora, na transformação e materialização de angústias e medos. Todos sabem onde aquilo vai chegar, numa ambivalência com o que se vê na tela e o que é natural fora dela. Mesmo com a antecipação, sentimentos para além do gênero cinematográfico se estabelecem e confirmam, tocando o espectador. Porém, há todo um caminho trilhado para chegar até aí verdadeiramente impressionante. 

Ko é habilidosa no provocar da angústia e no modo como constrói suas sequências de assombro, ansiosas nos cortes, no uso das luzes e na trilha sonora. Mais do que olhar para carpintaria do medo, vale observar a elaboração dos quadros. Apesar de clássica na escolha e incorporação dos elementos, dá agilidade às sequências. Ela cria um exemplar de gênero que tem familiaridade com aquilo que se conhece e vai além da agilidade na feitura. 

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The Looming é horror de qualidade, mesmo optando pela exposição e com sua trama podendo ser antecipada. O curta cumpre todos os requisitos e deixa espaço para que se vá além da superfície, fazendo com que a obviedade passe a ser, então, irrelevante. Sabida, conhecida, esperada, a história de Chester fala em seus 15 minutos sobre medos que ultrapassam a compreensão, a degeneração do corpo, a solidão e seus artifícios na contemporaneidade e o lugar dos idosos no mundo moderno.

Um grande momento
“Luna, acenda a luz”

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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