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Turma da Mônica: Lições

Lidando com as consequências

(Turma da Mônica: Lições, BRA, 2021)
Nota  
  • Gênero: Aventura
  • Direção: Daniel Rezende
  • Roteiro: Thiago Dottori, Marina Maria Iorio, Mariana Zatz
  • Elenco: Giulia Benite, Kevin Vechiatto, Laura Rauseo, Gabriel Moreira, Monica Iozzi, Paulo Vilhena, Fafá Rennó, Malu Mader, Isabelle Drummond,
  • Duração: 97 minutos

Se você é um millennial que assistiu à Turma da Mônica: Laços, com certeza ficou com um gostinho de quero mais na boca, afinal, faltaram muitos personagens darem o ar da graça e interagir com a turminha mais querida do Brasil, não é mesmo? Pensando em saciar essa fome de conteúdo fofo, Daniel Rezende apresenta a continuação do primeiro longa, Turma da Mônica: Lições, contando a história das crianças que, agora, precisam compreender a importância de suas decisões, e lidar com alguns dos sentimentos mais profundos que podem ter.

Nesse segundo longa, a atuação de Mônica Iozzi (Dona Luisa de Sousa) ganha maior destaque, e comove o público com suas feições que expressam as dores e angústias de uma mãe ao ter que punir sua filha por suas ações, mas, na mesma medida, sabe que é necessário ensinar – de uma forma carinhosa – que todas as decisões da criança têm seus efeitos. No elenco adulto do filme, há que se destacar, também, a atuação de Fafá Rennó (Dona Cebola da Silva), que se vê tendo que decidir como proteger seu filho, ainda que isso implique em fazê-lo se afastar de seus melhores amigos e, consequentemente, deixá-lo triste.

Turma da Mônica: Lições
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Os sentimentos e as incertezas de ambas as mães ficam bem evidentes nas telonas, mas os pais, infelizmente, deixam a desejar, pois parecem não ter sido muito aprofundados. Ao contrário do que acontece com o “pai de todos”, Maurício de Sousa, que faz uma participação pra lá de especial e, inclusive, arranca uma boa risada com sua rápida fala. Mais uma vez, contudo, Daniel Rezende pesou a mão nos sentimentos e na duração de cenas lentas e tristes, o que não soa de forma muito agradável, mas, nesse segundo filme, conseguiu equilibrar bem esses momentos tensos com a leveza de novos personagens.

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Enquanto os protagonistas da “Turma da Mônica” tinham que lidar com seus próprios sentimentos de solidão, ciúme, tristeza, ansiedade, medo e necessidade de adaptação, os novos personagens secundários, que faziam aparições especiais também nos quadrinhos, trouxeram a leveza e o tom engraçado que o longa precisava. Milena (Emily Nayara) é quem apresenta Magali (Laura Rauseo) ao querido e fofo Mingau, o gato branco mais famoso e querido do mundo dos quadrinhos; Dudu (Giovani Nicholas) faz uma grande confusão no começo, mas depois ajuda a turma a recuperar o Sansão; e Marina (Laís Vilela) vem com sua graciosidade e seus desenhos encantadores colorir a vida dos protagonistas.

Turma da Mônica: Lições
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Dos personagens secundários quem realmente merece destaque é o querido Do Contra (Vinícius Higo), que, assim como o personagem dos quadrinhos, chega a nem fazer sentido, de tão do contra que é e, exatamente por isso, arranca boas risadas em todas as suas aparições, causando a leveza necessária ao filme infantil.

A história de Turma da Mônica: Lições é baseada no romance gráfico de mesmo nome escrito por Vitor e Lu Cafaggi, e busca, justamente, fazer compreender que todas as nossas ações têm consequências e, por isso, é tão importante pensar antes de fazer qualquer coisa – o que, convenhamos, é uma lição que todos tivemos aos 7 anos de idade -, além de ser muito importante valorizarmos nossas amizades e nossos laços afetivos.

Turma da Mônica: Lições
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No começo de Turma da Mônica: Lições é um pouco preocupante ver o tanto que as crianças do primeiro filme já cresceram, afinal, no universo dos quadrinhos impressos, Mônica e seus amigos têm sete anos de idade desde os anos 60 – pelo menos antes dos almanaques da “Turma da Mônica Jovem” -, mas no filme dá para perceber que as crianças do primeiro filme já cresceram e desenvolveram muito. Contudo, os atores mirins entregam a atuação de forma tão pura e sincera, que quase nos esquecemos que eles já aparentam mais velhos, e parecemos estar realmente lendo os quadrinhos daquelas crianças de sete anos de idade que, agora, precisam compreender a importância de envelhecer e tomar decisões.

A similitude com os quadrinhos fica ainda mais evidente quando a personagem Tina (Isabelle Drummond) cruza o caminho de Mônica (Giulia Benite), e percebemos que se tem uma pessoa que poderia ter interpretado esse papel, essa pessoa é Isabelle Drummond, afinal, além de linda, ela consegue trazer o olhar compreensivo e querido que só a Tina tinha. O diálogo de Tina e Mônica é, justamente, o que evidencia que o filme não tem como destinatário somente o público infanto-juvenil, mas também conversa diretamente com os adultos, que aprenderam a importância de suas decisões, mas podem ter se esquecido da importância de continuarem sendo crianças.

Turma da Mônica: Lições é mais um filme para a família inteira assistir e aprender junta importantes lições (com o perdão do trocadilho).

Um grande momento
Do Contra e Cascão no banheiro

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Daniela Strieder

Advogada e ioguim, Daniela está sempre com a cabeça nas nuvens, criando e inventando histórias, mas não deixa de ter os pés na terra. Fã de cinema desde pequenina, tem um fraco por trilhas sonoras.
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