Crítica | FestivalFestival de Brasília

Malícia

(Malícia, BRA, 2016)
Drama
Direção: Jimi Figueiredo
Elenco: Vivianne Pasmanter, João Baldasserini, Marisol Ribeiro, Rosanna Viegas, Murilo Grossi, Sergio Sartorio, Alexandre Ribondi, Laura Teles Figueiredo
Roteiro: Jimi Figueiredo
Duração: 90 min.
Nota: 3 ★★★☆☆☆☆☆☆☆

Filmes que querem contar muitas coisas acabam não chegando muito longe. Como uma pessoa não pode saber de tudo profundamente, uma produção que tenta tratar de todos os temas nunca vai conseguir sair da superficialidade.

Esse é o principal problema de Malícia, longa-metragem brasiliense selecionado para o 49° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. O único representante do Distrito Federal, dada a qualidade, a inovação estética e as questões políticas por trás dos outros selecionados, só deve ter entrado na mostra competitiva por uma espécie de cota regional.

Tradicional no modo de filmar, o diretor Jimi Figueiredo conta as histórias de um casal prestes a cometer uma falcatrua para livrar-se de um problema com a justiça e de uma jovem que ainda não conseguiu encontrar seu lugar no mundo. Um homem liga a história dessas duas mulheres.

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Um roteiro inchado e cheio de falhas, atuações irregulares e uma montagem que também não favorece fazem com que o filme não desperte, por nenhum momento sequer, a empatia do público. Não adianta o esforço de Vivianne Passmanter, o nome mais conhecido do elenco, em tentar construir alguma coisa em sua personagem.

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A trama por trás da história acaba sendo minimizada por uma sucessão de eventos diversos e por passagens irrelevantes com personagens coadjuvantes. Quando há a reviravolta do roteiro, poucos se importam de verdade com isso.

Malícia também não sabe muito bem qual caminho seguir, parecendo sempre meio perdido entre o suspense, o drama e a comédia. Embora no último registro consiga criar algo, principalmente nas cenas com a jovem Laura Tles Figueiredo, filha do diretor, mas o desequilíbrio na narrativa também faz com que não haja destaque às passagens.

Sem falar que há uma falsa representatividade intentada na produção. Embora se diga inclusivo, o longa não consegue superar seu machismo, presente em cenas absurdas, como a em que uma mulher comenta com um dos personagens que ele é sortudo por ter uma namorada que é maltratada por ele e mesmo assim mantém o relacionamento.

Morno no princípio e desinteressante no fim, Malícia é cheio de muitos equívocos e vale só mesmo como uma tentativa que, infelizmente, não conseguiu se concretizar. Mas, definitivamente, não deveria estar competindo em um festival como o de Brasília.

Um Grande Momento:
Tem não.

[49º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro]

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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