- Gênero: Drama
- Direção: Zihan Geng
- Roteiro: Zihan Geng, Yining Liu
- Elenco: Kay Huang, Jing Liang, Long Liang, Meijun Zhou
- Duração: 92 minutos
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Uma adolescente precisa passar um período de tempo na casa do pai e vivencia uma série de descobertas. Não há absolutamente nada de novo no plot de Uma Canção Melancólica, coming-of-age dirigido por Zihan Geng. Puxado no melodrama, o filme se apoia na tristeza de Xian, uma jovem menina que não encontra seu lugar naquele ambiente, busca algum tipo de identificação e sente falta de demonstrações de afeto.
A melancolia não é uma novidade na cinematografia chinesa. Há grandes e belos filmes que tratam de questões pessoais e familiares, como os recentes Até Logo, Meu Filho, de Wang Xiaoshuai, ou A Torre sem Sombra, de Zhang Lu, mas há cacoetes da produção em massa que padronizam outros títulos, enfraquecendo-os em sua vontade de conferir uma elaboração estética que nunca chega verdadeiramente onde se esperava.
Uma Canção Melancólica aposta em luzes estouradas, blur, trilha exagerada e em outros elementos que servem unicamente para manipular o espectador. Sem falar no roteiro, escrito pela própria Geng e por Yining Liu, que não cansa de forçar situações, muitas destas nem sempre alinhavadas com a trama proposta. Um piano e a canção perfeitamente tocada que surgem para trazer uma história do passado; a atenção paterna que se mostra após um longo período de descaso como se isso fosse natural; personagens que vêm e vão, mesmo que nas cenas esporádicas possam despertar algum interesse e empatia, são pontos que enfraquecem a estrutura.
E há tanta tristeza e solidão no entorno e no interior de Xian, tanta crueza, que o pouco tempo dedicado a criar alguma transformação não é capaz de reverter o que está posto. Seria algo natural se não houvesse a tentativa de mudança em um simples adeus naquela que é a relação mais mal trabalhada de todo o longa, a com o pai. Mas existe algo ainda mais complexo quando se trata de uma ligação que recebe bem mais atenção e é problemática desde a definição da personagem: o vínculo com Mingmei. Ela é uma jovem manipuladora de 18 anos que sonha em abrir uma loja, se envolve com homens casados em troca de presentes e dinheiro, e desperta a admiração de Xian assim que a menina vê sua imagem pela primeira vez.
O longa embarca nessa relação de devoção cega e de manipulação com pitadas de crueldade para falar de descobertas e de uma espécie de sororidade às avessas, buscando um lugar de sofrimento que não tem mais razão de ser. Ao pensar nos instintos naturais da adolescência, no despertar do desejo e no amadurecimento da protagonista, tanto a dor quanto a solidão vêm carregadas de uma negatividade sem descanso que não precisa ser reafirmada a todo instante. “Eu nunca te vi tão feliz assim”, fala Mingmei ao ver Xian brincando, invalidando o seu desenvolvimento. Também é sobre isso.
Buscando a nostalgia, Uma Canção Melancólica é sobre a tristeza e a desolação de uma menina que precisa amadurecer quando se vê, de repente, sozinha em um lugar que não é o seu. Porém, erra no tom, na forma, na profundidade e na adequação com que aborda seus temas. Parte de um lugar interessante ao contrapor memórias e fotos, a vida e o se revelar, mas se perde a partir daí.
Um grande momento
Estudando com o colega