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Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo

(Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo, BRA, Ano)

Dois dos grandes nomes do cinema nordestino, Karin Aïnouz e Marcelo Gomes, se uniram para fazer um retrato poético do sertão. Com imagens secas e iluminadas, a viagem dos dois entre essas pessoas e suas crenças deu origem ao curta de 27 minutos Carranca Acrílico Azul Piscina, exibido em 2007.

Antigas imagens, acrescidas de novas, filmada em super 8, 16 mm e 35 mm e gravadas em vídeo e digital foram utilizadas por Aïnouz e Gomes para este novo filme, com outro nome e um foco diferente. O longa Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo conta a história do geólogo Pedro e sua jornada pelo interior do Ceará. Enquanto realiza um estudo para a implementação de um novo canal, que destruirá algumas cidades, ele tenta aprender a conviver com a saudade de sua “galega”.

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O visual do sertão, “desertão” segundo Aïnouz, serve como pano de fundo para a narração de Irandhir Santos, o Pedro e casam com toda a solidão e abandono de seu personagem. São cidades que, ameaçadas pela construção do canal, já são quase cidades-fantasmas e pessoas que por várias questões parecem ter sido esquecidas pelo mundo.

Embora a construção desta relação seja perfeita e tudo leve o público para aquela árida realidade, a repetição de cenas, a explicação de imagens e a irregularidade da narração fazem o filme ficar mais difícil do que precisava ser. As tomadas longas e estáticas até começam agradando, principalmente por sua beleza plástica, mas vão ficando complicadas depois de algum tempo de projeção.

A lentidão da narrativa, concernente com a proposta do longa, desagra alguns e agrada a outros e foi uma das principais queixas das pessoas que saiam da sala de projeção antes dos créditos finais.

O roteiro, uma mescla de texto técnico e carta pessoal, também não é muito fácil por estar sempre se repetindo. Mas o problema mesmo é o toque machista, com mulheres tratadas como objeto e sempre submetidas às vontades de seus homens, como no caso do jovem casal do circo.

No final de 70 minutos, o filme cumpre sua tarefa de levar o espectador para dentro da viagem deste homem e tem bons momentos, mas deixa aquela sensação de que tudo poderia ser melhor e de que muita coisa no filme não precisava estar ali. Sejam as imagens de arquivo com mergulhadores de Acapulco, seja a repetição da bela canção Último Desejo.

Mas é inegável que se trata de uma bela história de amor, solidão e até autoconhecimento. Assim como é notório que Irandhir, ainda que não mostre o rosto, consiga transportar o espectador para seu lado ou mesmo para o interior de seu Pedro, como se aquela história fosse de qualquer um que assiste ao longa.

Experiência interessante, mas para aqueles que estão dispostos a vivê-la.

Um Grande Momento

A discussão sobre a eternidade.


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Drama

Direção: Karin Aïnouz, Marcelo Gomes
Elenco: Irandhir Santos
Roteiro: Karin Aïnouz, Marcelo Gomes, Eduardo Bernardes
Duração: 71 min.
Minha nota: 5/10

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
3 Comentários
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Alexsandro Vasconcelos
Alexsandro Vasconcelos
05/06/2010 00:32

Irandhir Santos consegue passar a emoção necessário em sua narração. Gostei bastante do filme, ainda que siga sonolento em algumas partes.

Abração!

Robson Saldanha
Robson Saldanha
28/09/2009 19:09

Ainda não tinha ouvido falar, pelo menos o título não é de todo mal!

Vinícius P.
Vinícius P.
27/09/2009 22:45

Esperava mais elogios a esse filme, visto que são dois ótimos diretores e a experiência parece ser interessante…

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