- Gênero: Comédia, romance
- Direção: Anna Wieczur-Bluszcz
- Roteiro: Hanna Wesierska, Wojciech Saramonowicz, Anna Wieczur-Bluszcz
- Elenco: Magdalena Lamparska, Mikolaj Roznerski, Piotr Cyrwus, Tomasz Sapryk, Dorota Stalinska, Slawomir Zapala, Dorota Landowska
- Duração: 112 minutos
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Existe um jeito fácil de chamar a atenção: evocar o maior criador de ficções de todos os tempos, William Shakespeare. É o que faz o filme polonês da Netflix, A Megera Domada. Querendo evocar a peça do final dos anos 1500, a comédia romântica de Anna Wieczur-Bluszcz encontra outra protagonista de gênio difícil e busca fazer atualizações para diminuir todo o machismo do texto original, ainda que não tenha muito sucesso na empreitada.
O longa, com roteiro assinado por Hanna Wesierska, Wojciech Saramonowicz e Anna Wieczur-Bluszcz, foge da trama original e vai buscar algo de político, incluindo além do drama familiar, venda de terras, biologia e exploração ambiental. A história de Kaska, a tal megera, e Patryk, o domador — é tão absurdo escrever isso nos dias de hoje que fica até estranho — acontece de forma aleatória e todo seu desenvolvimento é gratuito, sem muita preocupação com a elaboração dos fatos.
Há uma contradição grande no roteiro de A Megera Domada. Os personagens são interessantes e conseguem cativar de alguma forma, mesmo com toda a facilidade e com passagens inacreditavelmente rápidas como o modo que Patryk aceita “segurar Kaska por um tempo”, os irmãos escolhem seu representante ou os problemas com o capanga. Porém, é mesmo na tentativa fracassada de fugir do machismo que o filme tropeça.
Essa vontade de dar à protagonista um ar independente, moderno e mais adequado à realidade fracassa logo no começo, quando tudo se dá por uma frustração amorosa e, para piorar, mais para frente, suas convicções e posições mudam por conta de atividades domésticas bem masculinas como cortar lenha, consertar torneira e coisas do tipo. Que preguiça. Outros são os momentos do filme onde padrões e modelos falam mais alto do que qualquer tentativa de mudança.
A direção de Wieczur-Bluszcz é bem elementar, literalmente falando. Apegada à trilha sonora, não acredita que sentimentos possam ser percebidos sem essa demarcação, e o exagero faz parte também da indicação de núcleos contrastantes da história, em figurino e arte. Se há alguma inovação em A Megera Domada, ela vem discreta na estrutura do subgênero, talvez mais pela origem da inspiração.
E, assim, complicado em vários momentos, f segue pela graça de seus personagens e o carisma do elenco, encabeçado por Magdalena Lamparska (de Como me Apaixonei por um Gângster e 365 Dias), Mikolaj Roznerski (de Como Casar com um Milionário) e ótimos coadjuvantes, mas sem nunca causar um envolvimento verdadeiro, bem diferente da habilidade daquele que usa para chamar o público para si. Positivamente longe de uma peça de 1500, mas negativamente longe da realidade 2020, o contexto é bambo, e como obra cinematográfica deixa muito a desejar.
Um grande momento
Mandando Patryk tirar a roupa
Alguém me explica a venda das terras, oq aconteceu no final e tbm a última cena com o piloto de rally…
Não entendi nada do final