Mostra de Tiradentes

22ª Mostra de Tiradentes vem aí

Falta pouco mais de um mês para a abertura oficial da temporada 2019 de festivais e mostras de cinema no Brasil. Quem abre o calendário é a Mostra de Cinema de Tiradentes, que, em sua 22ª edição, acontece na histórica cidade mineira de 18 a 23 de janeiro. Durante uma semana, os olhos se voltam para o que há de mais inovador, inventivo e ousado no novo cinema brasileiro.

Além dos filmes, que ocupam o Cine-Tenda, a praça e a sala do Centro Cultural Yves Alves, e dos debates e mesas sobre o cinema, o festival dedica espaço a outras artes, com apresentações musicais, performances teatrais, lançamentos de livros e o sempre divertido Cortejo das Artes.

Neste ano, o tema principal da Mostra de Tiradentes é “Corpos Adiante”. Segundo Cleber Eduardo, coordenador curatorial do evento, “Antes do corpo no cinema, o corpo está em todo lugar, primeiro como matéria de carne, ossos, sangue, pele, cérebro e músculos, capacidades sensoriais, intelectuais e emocionais, aparência e superfície. Depois vem o corpo como sujeito, agente, escolha existencial”. Essa concepção, percebida nos filmes que fazem parte da seleção deste ano e que guiará boa parte das discussões sobre cinema, encontra passado, presente e futuro.

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Partindo do corpo, tanto nas representações estéticas quanto no cotidiano dos noticiários, Cleber Eduardo tenta encontrar as relações possíveis entre a ocupação de espaço pelos corpos no tempo contemporâneo. “Vamos pensar sobre o corpo como campo de batalha do capital, da ciência, dos estudos genéticos e da neurociência, mas também como espaço de disputa na política, nas questões de representatividade étnica/racial, nas discussões de gênero e de sua fluidez, nos tensos deslocamentos de populações entre fronteiras de países”, afirma.

Homenagem

Como já é tradição em Tiradentes, a temática perpassa todas as atividades da Mostra de Tiradentes. Pensando nessa representação do copro e em sua ocupação num tempo passado, presente e futuro, a principal homenageada desta edição é Grace Passô. Reconhecida por seu trabalho nos palcos como atriz e dramaturga, a mineira anda chamando atenção com suas atuações nos filmes Praça Paris, de Lúcia Murat, e Temporada, de André Novais de Oliveira, sendo premiada por ambos.

Passô seria a personificação da temática “Corpos Adiante”, por seu trabalho com o corpo e a construção de tantos outros corpos em sua carreira no teatro, e pela ocupação desse espaço em cena e no mundo. E é uma ocupação que ainda tem muitos espaços a conquistar no teatro e no cinema. Neste, inclusive, a atriz mineira já tem projetos pela frente.

Um deles, ainda em finalização, fará a abertura da Mostra de Tiradentes, no dia 18 de janeiro. Trata-se de Vaga Carne, adaptação para o cinema da premiada peça escrita e atuada por Grace Passô. Ela também assina a direção ao lado de Ricardo Alves Jr, com quem já trabalhou em Elon Não Acredita na Morte. No dia seguinte à abertura, ela retorna à cena, agora num palco, acompanhada do músico Barulhista com a performance “Grão da Imagem”.

Mostra Aurora

Os filmes participantes da mais importante mostra do evento, a Mostra Aurora, foram anunciados hoje (12). São sete filmes, que destacam a variedade da produção estética brasileira. A seleção foi feita pela dupla de curadores Lila Foster e Victor Guimarães, com coordenação de Cleber Eduardo.

Confira a lista:

A ROSA AZUL DE NOVALIS (SP), de Gustavo Vinagre e Rodrigo Carneiro
A RAINHA NZINGA CHEGOU (MG), de Junia Torres e Isabel Casimira Gasparino
TREMOR IÊ (CE), de Elena Meirelles e Lívia de Paiva
SEUS OSSOS E SEUS OLHOS (SP), de Caetano Gotardo
VERMELHA (GO), de Getúlio Ribeiro
DESVIO (PB), de Arthur Lins
UM FILME DE VERÃO (RJ), de Jô Serfaty

Ao falar sobre a seleção, Lila Foster destaca que “a mostra apresenta filmes que buscam desconstruir os códigos da ficção e do documentário, com dramaturgias que se desenham entre o passado da ancestralidade, o presente dos conflitos e a incerteza do futuro”

Segundo ela, os filmes trazem a experiência da conexão entre personagens, sua realidade e seu imaginário, são “obras que se fazem entre a afirmação da presença dos corpos e a abertura à fabulação”.

Victor Guimarães também reafirma a integração da seleção com o tema da Mostra de Tiradentes, “Corpos Adiante”. “São presenças que extrapolam a afirmação de suas próprias existências, que não se contentam em apenas estar, e sim inventam narrativas para si, criam novos territórios expressivos e trabalham conscientemente a correspondência entre corpos cinematográficos e corpos reais”, explica.

Júri da Crítica

Desde 2008, o Júri da Crítica é o encarregado de escolher o melhor filme da Mostra Aurora, além de premiar o melhor curta-metragem da Mostra Foco e o destaque feminino da edição, que receberá o Prêmio Helena Ignez.

Em 2019, o Júri da Crítica da Mostra será composto pelos críticos e pesquisadores brasileiros Kênia Freitas, Juliano Gomes e Izabel de Fátima Cruz Melo, além do argentino Roger Koza e da francesa Claire Allouche.

Fotos: Leo Lara e Beto Staino/Universo Produções

Redação

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