Foram anos de políticas públicas para chegar ao cinema que temos hoje no Brasil: descentralizado, diverso, ousado e de qualidade. Destemperos ideológicos e ignorância ameaçam a ainda nova indústria e aumentam um preconceito que começava a se superado. Ao mesmo tempo em que recebe ataques e é ignorado dentro de casa, o cinema brasileiro ganha o mundo, destacando-se nos mais importantes festivais do mundo: Berlim, Veneza, Toronto, Roterdã, San Sebastian e Cannes, onde acabou de ganhar o prêmio do júri, com Bacurau, e melhor filme na mostra Um Certain Regard, com A Vida Invisível.
“A internacionalização do cinema brasileiro e os desafios para o futuro” é o principal foco temático da 13ª CineBH, que acontece na capital mineira de 17 a 22 de setembro. Confirmando a temática, o filme que abre o evento é o próprio A Vida Invisível, dirigido por Karim Aïnouz e que, depois de sua passagem por Cannes, foi o escolhido pelo Brasil para disputar uma vaga no Oscar 2020.
As atividades da mostra, entre elas debates e exibições, buscam refletir sobre a manutenção e conservação de uma produção que além de constituir um patrimônio cultural é a responsável pela geração de empregos e movimentação significativa de dinheiro. “A proposição dos desafios para o futuro é também a de reconhecer a fragilidade de um cenário sujeito às intempéries políticas”, afirma Marcelo Miranda, que assina a curadoria ao lado de Francis Vogner dos Reis. “Como é possível, dadas as atuais circunstâncias, dar continuidade e ainda fortalecer nosso cinema?”, questiona.
Nesta edição, a CineBH ocupa cinco espaços culturais na cidade: Fundação Clóvis Salgado (Palácio das Artes), Sesc Palladium, Cine Theatro Brasil Vallourec, Teatro Sesiminas e MIS Cine Santa Tereza, e exibe 85 filmes nacionais e internacionais, com produções de 12 estados brasileiros e seis países. A programação completa já está disponível no site.
Homenagem
Tendo a internacionalização como norte, a homenageada desta edição é a produtora mineira Filmes de Plástico, que já levou seus filmes para Cannes, Roterdã, FID-Marseille, Santa Maria da Feira e Locarno, entre outros festivais.
“Entre a pesquisa de linguagem e a busca por um diálogo verdadeiramente popular com o cinema brasileiro, ao abordar a periferia, sua geografia, seus rostos e corpos, sua vivência, os trabalhos da ‘Filmes de Plástico’ rapidamente chamaram atenção pelo misto de simplicidade estrutural e complexidade formal e narrativa”, explica Francis Vogner dos Reis.
São quatro sessões dedicadas a um panorama da obra da produtora. Os filmes selecionados são os curtas-metragens Filme de Sábado, de Gabriel Martins; Fantasmas, de André Novais Oliveira; Contagem, de Maurílio Martins e Gabriel Martins; Pouco Mais de um Mês, de André Novais Oliveira; Quinze, de Maurílio Martins; Nada, de Gabriel Martins, e Quintal, de André Novais Oliveira. Os longas Ela Volta na Quinta, de André Novais Oliveira e No Coração do Mundo, de Maurílio Martins e Gabriel Martins, completam a homenagem.
Mais CineBH
Pelo quarto ano consecutivo, a CineBH reúne filmes que falem da vivência e da experiência de estar e ocupar Belo Horizonte e sua região metropolitana na mostra A Cidade em Movimento. Com curadoria de Paula Kimo, a mostra traz 24 títulos, entre curtas e médias-metragens, divididos em cinco sessões temáticas, todas acompanhadas por Rodas de Conversa com convidadas especiais depois das exibições.
O mercado também está no evento com o Brasil CineMundi – International Coproduction Meeting, que chega agora à 10ª edição e promove um encontro internacional de coprodução com atividades diversas de formação, capacitação, difusão e negócios que visam a inserção do cinema brasileiro no mercado global, a profissionalização do setor, a conexão de profissionais, ações de intercâmbio e cooperação internacional. Neste ano, 22 projetos vêm a Belo Horizonte em busca de parceria e coprodução nos encontros com profissionais no Brasil CineMundi.
Além de todos os encontros, uma mostra especial foi preparada para comemorar os 10 anos do Brasil CineMundi. Com curadoria de Pedro Butcher, foram escolhidos quatro longas-metragens que já passaram pelo programa: Rifle, de Davi Pretto; A Sombra do Pai, de Gabriela Amaral Almeida; Elon não Acredita na Morte, de Ricardo Alves Jr; e Éden, de Bruno Safadi.
“A Mostra CineBH é o evento de cinema da capital mineira. Um espaço de formação, intercâmbio, lançamento e discussão da mais significativa produção cinematográfica atual. A cada edição renova seu compromisso de estabelecer diálogo entre as culturas, ampliar as oportunidades de negócios para o cinema brasileiro e promover a conexão de profissionais com o mercado audiovisual em intercâmbio com o mundo”, destaca Raquel Hallak, coordenadora geral do evento.
Os interessados em participar do programa de formação, que conta com painéis, debates, masterclasses, oficina, workshops e laboratórios de roteiro podem se inscrever no site do evento. As sessões do Cine-Escola também estão com inscrições abertas.
A 13ª CineBH e o Brasil CineMundi são idealizados e realizados pela Universo Produções em parceria com a Secretaria Especial de Cultura do Ministério da Cidadania e recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura e da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte. Contam com o patrocínio de Mater Dei, Copasa/Governo de Minas Gerais, BRDE/FSA/Ancine e a parceria cultural Sesc em Minas. Apoiam o evento o Ministério das Relações Exteriores, Embaixada da França no Brasil/Instituto Francês Brasil para o Estado de Minas Gerais, Inhotim, Instituto Goethe, Dot Cine, Mistika, CiaRio, Parati Films, CTAv, Rede Globo Minas, MIS Cine Santa Tereza, APPA, Sesi/Fiemg e Instituto Universo Cultural. O 10º Brasil CineMundi conta com a cooperação de TorinoFilmLab, BioBioCine, Conecta – Chile Doc, Chile Doc, MAFF, DOCSP, Docmontevideo, Ventana Sur, Projeto Paradiso.
SERVIÇO
13ª CineBH – Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte
Brasil CineMundi – 10th International Coproduction Meeting
De 17 a 22 de setembro de 2019