(Seriously Single, RSA, 2020)
A nova comédia romântica da Netflix, Solteiramente, está exatamente no lugar onde se espera que esteja um filme do subgênero. Embora mais próximo – não sempre – da tradição de décadas passadas, não deixa de ser um bom passatempo quando a intenção é se divertir.
Mas é aquilo, passatempo mesmo, quando não se observa roteiro, coerência, nem muita profundidade. O ponto de partida é um velho conhecido: mulher desesperada para casar não consegue estabelecer um relacionamento duradouro com ninguém. A gerente de mídias sociais Dineo esses sempre sendo abandonada depois de poucos meses com aquele que seria o “homem da vida”.
Por outro lado, sua melhor amiga, Noni só quer saber de curtir a vida adoidado. Sem repetir parceiros por mais de uma noite, não precisa de ninguém para ser feliz. Se há alguma coisa interessante em Solteiramente é o modo como trabalha essa dicotomia, em uma amizade compreensiva, mas que não deixa de ter preconceitos de ambas as partes.
Se a produção sul-africana dá bastante atenção às duas, isso não pode ser dito do resto. Os homens são tratados de maneira pouco interessada, em situações forçadas e artificiais, e os personagens satélites surgem e desaparecem sem muita função, como a mãe, o chefe (que até tem uma boa tirada na primeira vez em que aparece) e a colega de trabalho.
Os casal de irmãos Rethabile e Katleho Ramaphakaela acertam na provocação visual, com muito brilho e cor; e nas inserções idiomáticas. Porém, erram a mão na própria definição daquilo que vão colocar em cena, de que forma e sem nenhum cuidado com adequação ou uma atualização mais efetiva do roteiro de Lwazi Mvusi.
Assistir a Solteiramente é como voltar no tempo. A gente percebe que houve um deslocamento, principalmente pela presença de Noni, mas em um universo com toda pinta de antiquado. São muitas passagens onde a tecnologia se choca com as atitudes e palavras, além de várias tentativas de fazer rir com coisas que já perderam a graça há algum tempo.
Um Grande Momento
Noni no karaokê.