(The Sleepover, EUA, 2020)
Muda um pouquinho aqui, um pouquinho ali, mas por trás de tudo está aquela mesma história com espiões descobertos que a gente já viu centenas de vezes. Talvez a diferença aqui seja com as crianças… não, também já vimos essa mesma história com crianças. Se há alguma coisa um pouquinho diferente é que Missão Pijamas conta a história de uma ex-ladra no programa de proteção à testemunha. Com Malin Akerman (a Silk Spectre de Watchmen: O Filme), Sadi Stanley (a Kim Possible da minissérie) e Joe Manganiello (do seriado True Blood), o filme é, assim como a combinação destas pessoas, todo desconjuntado.
Espécie de versão piorada de Pequenos Espiões, e ancorado na mesma muleta: o carisma das crianças menores, o roteiro se perde em lugares-comuns, em busca de uma graça que só consegue encontrar uma ou duas vezes. A falta de química é um problema, sem dúvida, mas nada supera a superficialidade do roteiro de Sarah Rothschild. Os personagens são muito superficiais e monocórdicos. O pai, vivido por Ken Marino (que, coitado, não podia fazer grandes coisas com aquilo), é um arremedo cômico em toda a sua leseira e momentos escatológicos.
As crianças também não tem muito o que fazer, embora sejam as responsáveis pelos momentos mais engraçadinhos. A hipersexualização de Kevin (Maxwell Simkins), um garoto de uns 10 anos, é absurda; a recepção ao oficial não faz o menor sentido, e a amiga e ex-parceira do crime da mãe, que aparece do nada está ali apenas para servir como banquinho para a próxima piada sem graça.
Além disso, há toda uma artificialidade nas relações. Não dá para acreditar nos conflitos que a trama tenta elaborar e nem no perigo da empreitada. Nesta sacola podemos colocar a crise adolescente da filha com a mãe, o reencontro com o passado, a interação da vigia da cantina com os alunos ou do pai com a professora. Tudo é extremamente desinteressante e não cria os conflitos necessários para o prosseguimento da trama e nem o envolvimento com ela.
Para não dizer que o filme é um desperdício completo de tempo, temos lá umas duas piadas e a única relação que quase chega a funcionar: a de Kevin e Lewis (Lucas Jaye), pena que seus personagens estereotipados não ajudem muito, mas os dois atores mirins funcionam bem em cena.
No mais, Missão Pijamas é um filme que não dá certo, não consegue encontrar um caminho para se estabelecer. Exagera de um lado, deixa devendo do outro, é apegado a piadas antiquadas e, para piorar, uma repetição mal acabada de vários filmes muito melhor desenvolvidos. É a prova de que não basta ter uma fórmula, é preciso construir em cima dela. Não dizem que tudo já foi feito antes e que nada se cria, mas se transforma? Pois a transformação exige trabalho e coerência. Dessa vez não rolou.
Um grande momento
Dançando no banheiro.