- Gênero: Drama
- Direção: Lois Patiño
- Roteiro: Lois Patiño
- Elenco: Rubio de Camelle, Ana Marra, Carmen Martínez, Pilar Rodlos
- Duração: 84 minutos
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Em uma cidade, algo acontece. Pessoas morrem. O luto se instala como o habitante mais proeminente do local. Parece que está com todos, em todos os lugares. Não silencia, não afeta, mas paralisa, congela, impede que a vida prossiga. A lua vermelha chega e talvez traga com ela a libertação.
“A gente teve um momento de luto coletivo, a gente teve um momento de sofrimento coletivo, a gente teve um momento de estresse coletivo também.”*
O diretor Lois Patiño é alguém que sabe impressionar com suas imagens que casam a grandiosidade da natureza e a vaziez da morte. Foi assim com Costa da Morte e é assim com esse Lua Vermelha. Em seus planos abertíssimos e seus corpos estáticos destaca o discurso dos personagens que nos contam a história.
A abertura dos planos se altera o à medida que se afasta do natural e se aproxima da cidade. Ruas, bares, bazares, calçadas, casas. Ali há outro tempo, outra ausência, um outro observar. A mãe de Rúbio, por exemplo, merece plano-detalhe. Afinal de contas, ela simboliza a maior de todas as ausências possíveis.
Ar no ar
Água na água
Lua vermelha
Feiticeiras, chamo por vós
Que meu filho venha
Patiño mescla o concreto e o metafísico, o espiritual como solução para a paralisia, porém, ao mesmo tempo, não limita a interpretação de Lua Vermelha. Do delírio de um à crença de vários, o que se tem de concreto são as mortes, a cidade paralisada, a informação de um crime ambiental com a construção de uma barragem – conhecemos bem esse tipo de coisa aqui no Brasil – e um fenômeno astronômico prestes a acontecer.
Como numa rede de pesca amarra imagens e palavras, deixando a interpretação ser fisgada. Assim como são fisgadas as três bruxas que vagueiam entre a cidade de estátuas vivas, fantasmas aparentes e corpos no mar. É tudo tão poético e bonito na construção de Patiño, que também assina a fotografia do longa, que é impossível não mergulhar em seu universo mítico.
Lua Vermelha mescla crenças populares – aqui podemos voltar aos Batammaliba e seu momento de solução e união – a sentimentos humanos conhecidos como o luto coletivo, natural de fatos conhecidos que geram inações tão bem representadas por Patiño, no ambiente sendo maior que o ser, no pensamento sendo possível, mas não sua ação. Mas a vida continua…
“A dor, ela não vai acabar. Ela não vai deixar de existir.”*
Um grande momento
Nem o fantasma se move