- Gênero: Drama
- Direção: Ricky Staub
- Roteiro: Ricky Staub, Dan Walser
- Elenco: Idris Elba, Caleb McLaughlin, Lorraine Toussaint, Jharrel Jerome, Method Man, Byron Bowers
- Duração: 111 minutos
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No norte da Filadélfia, há uma sociedade centenária de cowboys que se chama Fletcher Street Urban Riding Club. São cowboys negros que, no meio da cidade, criam, tratam e montam seus cavalos. Ignorados pela história e quase nunca representados no cinema, que embranqueceu completamente o western, esses cavaleiros urbanos migraram em busca de emprego e nunca abandonaram seus cavalos e seus estábulos. A história da comunidade está no romance “Ghetto Cowboy”, de Greg Neri e serviu de inspiração para Ricky Staub, que roteirizou e dirigiu Alma de Cowboy, disponível na Netflix.
Ainda que o filme tenha um ponto de grande interesse e curiosidade, sua trama se dedica ao conflito da violência urbana e redenção da juventude negra. A estrutura é bem batida: o jovem com problemas na escola é levado pela mãe para passar uma temporada com o pai e conhecer uma nova vida. Aqui, o campo ou a fazenda é substituída pela Rua Fletcher e sua tradição rural, mas que, ao mesmo tempo, divide espaço com a realidade urbana, as noitadas vizinhas, as gangues, o tráfico de drogas e todas as mazelas de uma cidade grande.
Alma de Cowboy é estrelado por Idris Elba (de Beasts of No Nation) como Harp, o pai, e Caleb McLaughlin (o Lucas de Stranger Things) como Cole, o filho. O roteiro segue fácil numa trilha sem grandes ousadias e cheia de lugares-comuns, a relação dos dois é inexistente, o passado de Harp é aquele que servirá de exemplo e justificativa, os eventos seguem a sequência prevista e muitos dos personagens existem apenas para ajudar que o protagonista siga o seu caminho.
Se o roteiro de Alma de Cowboy é padrão, há uma certa ousadia em como esta história é levada à tela. Staub claramente se encanta pelos cowboys da Rua Fletcher e como forma de homenageá-los escala pessoas da comunidade para o elenco, criando momentos emocionantes como aquele em torno da fogueira. Porém, não são momentos tão frequentes. Infelizmente, também falta originalidade na mise-en-scène e equilíbrio na disposição das cenas.
É um sentimento estranho, porque temos certeza de que estamos vendo um filme que a gente já viu centenas de vezes, mas que potencialmente poderia ser bem diferente justamente por ter algo muito singular. E essa singularidade está justamente no poder contar uma história em um ambiente tão específico que ao mesmo tempo em que remete ao local comum de refúgio e retorno contrasta com tudo ao seu entorno. E tem uma história que significa tanto para a própria História. Uma pena.
Um grande momento
Ouvindo o passado