- Gênero: Drama
- Direção: Mark Steven Johnson
- Roteiro: Mark Steven Johnson
- Elenco: Kat Graham, Tom Hopper,
- Duração: 110 minutos
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Uma coisa é certa: você já viu Amor em Verona, e nem foi uma vez só. A estreia de hoje da Netflix – e, arrisco com pouca chance de estar errado, um hit já amanhã – é exatamente uma receita para o sucesso por compreender que o conforto que o público precisa não está em descobertas extraordinárias (ok, também precisamos disso), mas de cozinhar da melhor forma possível o básico. Conscientemente, sabemos que não estamos assistindo a nada revolucionário, que mudará vidas e nos farão cinéfilos elevados, mas nem sempre é sobre isso. A Netflix, tão preocupada em agradar a maior parte do público sempre, na maior parte das vezes erra por isso; essa aqui é a exceção à regra.
Mark Steven Johnson nunca foi um grande cineasta, mas sabe-se lá como, ele dirigiu dois veículos de enorme divulgação e blockbusters raiz – o Demolidor original, sim, aquele odiado com Ben Affleck, e Motoqueiro Fantasma, sim, o com Nicolas Cage. Como todos sabem, nenhum dos dois deu certo, e isso nos trás às comédias românticas que ele tem dirigido para a Netflix; a anterior, Amor Garantido, foi um sucesso. Aqui, ele ainda vai além, criando uma atmosfera tão agradável quanto acolhedora, e mostrando que muitas vezes só estamos no caminho errado, ainda que na carreira certa. Aos poucos, Johnson encontrou seu caminho original sem precisar reinventar nada.
Tal qual Julie e Charlie, talvez seu diretor tenha demorado a entender que alguns lugares, por melhores e mais ambiciosos que sejam, não são para nós. Ok, assistir Amor em Verona e não se irritar, muitas vezes, é impossível. Afinal, sabemos que Julie e Charlie se apaixonaram e terminarão juntos – gente, isso nem spoiler é, basta olhar a capa do filme. Mas porque raios eles perdem tanto tempo brigando, jogando fora dias maravilhosos na Itália fazendo terrorismo entre si com gatos abusados e malas extraviadas, ao invés de dar conta da paixão que grita? Tá, eu sei, não existiria filme sem esse plot, mas né… é tudo tão óbvio, que dá vontade de dar uma cabeçada em ambos para que acordem.
A química bonitinha entre Kat Graham (uma cruza de Samantha Schmutz com Rihanna) e Tom Hopper (não confunda com o diretor de O Discurso do Rei) funciona e é um dos segredos de sua agradável sessão. Mas não vou mentir, Johnson sabe fazer a roda girar. A culpa principal de ser tão agradável assistir Amor em Verona a ponto de não termos vontade de suicídio com os 110 minutos de duração, é porque há equilíbrio em tudo que vemos. A história repleta de clichês se mistura com a ambientação (e os motivos para a mesma) quase repetidos de Cartas para Julieta, e percebemos também que a Itália em si é chamariz para a produção de comédias românticas das mais agradáveis.
Roteirista de formação, Johnson entende exatamente o que o público quer ver. Os antagonistas do filme são muito óbvios, em suas caracterizações e lugares comuns, porém isso tudo é construído com a certeza da função, e com a garantia de que em determinado ponto, é a direção que decide o rumo do feitiço. E Johnson tem olho bom para a luz e a imagem; não é um artesão, mas é um profissional da indústria honesto, barato, que já tropeçou e caiu mais de uma vez, e sabe que a segurança é o melhor remédio para os incautos como ele. Não há muita explicação, no fim das contas, para o que acontece em Amor em Verona – é química mesmo, tudo dá bastante certo. O talento nem sempre vem atrelado ao extraordinário, e Johnson sabe que seu feijão com arroz tem tempero.
Com o cenário certo, o filme consegue até parecer metido e criar ambientações que conversem com o que está acontecendo. Quando Charlie acaba conseguindo ir para o tal “melhor hotel da cidade”, citado algumas vezes, o que o público vê é uma caixa super despersonalizada no lugar de um quarto. La Villa Romantica, seu contraponto, parece o lugar ideal para ambientar qualquer história que se queira contar. Parece tudo muito simples de condução, e talvez até o seja, mas não convém subestimar o que vemos por conta de sua despretensão. Amor em Verona funciona, e nem é pouco.
Um grande momento
A primeira invasão de gatos