- Gênero: Drama
- Direção: Caroline Monnet
- Roteiro: Caroline Monnet, Daniel Watchorn
- Elenco: Pascale Bussières, Devery Jacobs, Samian, Jacques Newashish, Dominique Pétin, Joséphine Bacon, C,S, Gilbert Crazy Horse, Brigitte Poupart, Charles Bender
- Duração: 81 minutos
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Foram quatro gerações tentando nos destruir e vai levar quatro gerações para que nos curemos. Quem fala isso é a anciã de uma comunidade de povos nativos norte-americanos devastada pela ocupação de suas terras e tentativa constante de dizimação pelos brancos no Canadá. Um povo que encontra problemas com a intromissão, a perda gradual de suas tradições e atualmente sofre as consequências do consumo de álcool por seus habitantes. A fala está em A Contrabandista, longa escrito e dirigido pela algonquina-franco-canadense Caroline Monnet, que acompanha uma jovem que, há tempos afastada de seu povo e desconsiderando seu próprio passado, volta com ideias para a situação.
O filme faz as abordagens habituais a temas conhecidos e universais, reconhecíveis em países que sofreram a colonização sanguinária das Américas. Ali estão as estruturas sociais e familiares, e aspectos humanos que remetem à culpa, ao abandono, à dependência e ao ressentimento. A falta de estrutura e a inércia são marcas de uma sociedade que busca se reencontrar, assim como uma certa confusão identitária, comum no confronto geracional. Memória e apagamento também têm o seu lugar de destaque.
Percebe-se que Monnet tem a vontade de falar de tudo e atingir a complexidade daquilo que se dispõe a colocar em discussão, mas não há como se aprofundar quando tantos detalhes têm relevância. Além de toda a dificuldade na abordagem nas questões sociais, há ainda o desdobramento temático quando coloca em tela um dos polos da ação, aquela que se beneficia com a entrada do álcool na comunidade.
São histórias que se conectam, obviamente, mas sem tanta fluidez e equilíbrio. A atenção a uma das partes e o interesse do espectador variam, algo que nunca é positivo a um filme. A parte política de A Contrabandista é arrastada e maçante e talvez o seu melhor momento esteja em um discurso recuperado, não no modo como ele é filmado e nem mesmo como está inserido no filme, mas apenas por aquilo que ele diz.
Mais importante por sua mensagem e pela efetiva vontade de levar à discussão um tema que realmente precisa ser debatido e considerado. A abordagem geracional, o afastamento das origens e essa busca pelas raízes, são coisas que dão valor a A Contrabandista, e o modo como a diretora insere os personagens naquela realidade, seja espacial ou afetivamente é muito interessante, mas, infelizmente, falta muito ao filme.
Um grande momento
“Por que você não me defendeu?”