- Gênero: Comédia
- Direção: Josh Margolin
- Roteiro: Josh Margolin
- Elenco: June Squibb, Fred Hechinger, Parker Posey, Clark Gregg, Chase Kim, Richard Roundtree, Malcolm McDowell
- Duração: 98 minutos
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Thelma é uma senhorinha de mais de 90 anos, lúcida e plenamente capaz de executar suas tarefas cotidianas. Ela ainda vive sozinha em sua casa, muito bem, e recebe visitas frequentes do neto, Danny, com quem tem uma relação de muito amor e cumplicidade. É com ele que fala sobre a vida, aprende a mexer no computador e assiste a filmes de ação. É por causa dele também que acaba caindo no conhecido golpe do telefonema, onde alguém se faz passar por um parente próximo e faz convence a vítima a transferir altas somas de dinheiro.
Se recentemente o docudrama Staring Jerry As Himself mostrou a complexidade e a longa duração de um esquema quase industrial de extorsão de idosos imigrantes, em Thelma o golpe, mesmo tendo sua elaboração, é básico e rápido, sem grandes desdobramentos. Ignorado pela polícia e pela família, que se preocupa mais com a situação pessoal da protagonista do que com o crime em si, é o inconformismo da mulher que faz com que as coisas cheguem a algum lugar.
Em seu primeiro longa na direção, Josh Margolin busca o humor da situação e tem ao seu lado o carisma e a entrega de June Squibb (Nebraska) encarnando Thelma, uma senhora inspirada por Tom Cruise – o ator que não usa dublês – nessa jornada para recuperar o dinheiro perdido. Com roteiro assinado pelo próprio diretor, o nonsense da situação e a mistura equilibrada de comédia e ação, até o limite das possibilidades, divertem.
Toda a trama é circundada por elementos que facilitam a identificação com o filme, fortalecendo o vínculo com aquilo que está sendo apresentado. Adotando um tom por vezes biográfico, há a questão familiar, com a relação de superproteção e suas consequências; as diferenças geracionais e o deslocamento de indivíduos; a própria relação com o envelhecimento e a proximidade da morte. Em um universo habitado por pessoas pintadas com cores extremadas, é fácil reconhecer traços reais em todas elas.
Squibb está incrível no papel da mulher frágil e curiosa que se transforma e se entrega à aventura, com bons e engraçados momentos de ação, seja fugindo em uma scooter ou fazendo rolamentos sobre uma chaise longue para passar despercebida. Ao seu lado, como fiel escudeiro está Richard Roundtree, o eterno Shaft, como Ben, amigo que ela busca involuntariamente em uma residência sênior. Do outro lado, o filme conta ainda com Malcolm McDowell (Laranja Mecânica) como o golpista e dono de um antiquário. Não é preciso falar como os três rendem ótimos momentos.
Fred Hechinger (da trilogia Rua do Medo), Parker Posey (Columbus) e Clark Gregg (Os Vingadores) interpretam os personagens da família de Thelma e, com destaque para os exageros na medida da mãe, todos sabem o quê e como fazer para dar vida a uma família que expõe e cuida, ama e sufoca, tudo ao mesmo tempo e sem muito jeito. Margolin é habilidoso na condução das personas e das personalidades, em especial pelos tons acima que são evidentes, mas não passam do ponto.
Sem deixar de abordar questões interessantes e relevantes, Thelma é um longa equilibrado no ritmo e no humor, sem deixar de ser melancólico. Envolvente no modo como mescla momentos de ternura e divagação a uma estrutura que busca o clássico dos filmes de ação – com plano, abordagem e execução –, conquista e prende a atenção. Existe a vontade de acompanhar todos os passos dessa protagonista inusitada em sua busca pelo dinheiro perdido e, mais, o apego que se desenvolve por ela e por tudo o que ela representa.
Um grande momento
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