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O Lutador

(The Wrestler, EUA, 2008)

Drama

Direção: Darren Aronofsky

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Elenco: Mickey Rourke, Marisa Tomei, Evan Rachel Wood, Mark Margolis, Todd Barry, Wass Stevens, Judah Friedlander, Ernest Miller

Roteiro: Robert D. Siegel

Duração: 115 min.

Minha nota: 8/10

Ao entrar em um filme de Aronofsky tenho uma certeza: vou sair abalada com o que vou ver. Tirando o último longa do diretor, o perdido A Fonte da Vida, a previsão sempre se cumpre. Com o Lutador não foi diferente. O que eu não esperava era chorar copiosamente como chorei.

Na tela a história do decadente Randy “The Ram” Robinson, um lutador de luta-livre que, já sem condições físicas, vive dividido entre a impossível busca das promessas e dos sonhos de seu passado e uma tentativa de resgatar algum sentimento em uma vida que não chegou a ser construída fora dos ringues.

O filme é arrebatador. Com uma simplicidade e crueza impressionantes consegue devastar a mente daqueles que o assistem. Cada um a sua maneira sofre e se emociona com as tentativas, acertos e erros de um personagem que cativa desde o primeiro momento na tela, quando ainda nem mostra o seu rosto.

Notar os desmazelos tão comuns da vida cotidiana acentuados em alguém que não tem mais o que esperar da vida é terrível.

Além do excelente roteiro e de uma direção primorosa, muito do filme está na figura de seu protagonista vivido por Mickey Rourke, um homem que assim como The Ram viveu a vida sempre no limite, abusou de seu corpo e hoje é o resultado de cada escolha errada que fez. Não que isso facilite o trabalho do ator, como têm dito por aí. Pelo contrário. É muito mais fácil se despir de sua realidade e criar uma outra pessoa do que usar detalhes de sua vida para compor alguém já tão sem esperanças.

E dizer que não há criação no trabalho do ator que foi sucesso na década de 80 (assim como The Ram) também é injusto. Rourke usa, como poucos atores conseguem fazer, uma sensibilidade extrema para construir seu lutador.

Ao seu lado ele conta com boas atuações de Marisa Tomei, a stripper por quem é apaixonado, e Evan Rachel Wood, sua filha. Enquanto a primeira constrói uma mulher frustrada por viver de mostrar seu corpo em um lugar nojento, a segunda demonstra com eficiência a dor de um abandono.

A trilha sonora, toda composta por músicas dos anos 80, a abertura do filme e vários elementos de cena são perfeitos para demonstrar o quão presa ao passado está aquela história de vida e tudo funciona corretamente.

Todo o conjunto da obra fala muito alto ao espectador e Aronofsky sabe como manipular cada uma das seqüências para que aquela experiência, mesmo que dura, seja vivida pelo público.

Um daqueles filmes que merecem ser assistidos mas, de preferência, quando o astral estiver bom pois a trama é totalmente não indicada para pessoas em depressão.

Um Grande Momento

O final.



Prêmios e indicações
(as categorias premiadas estão em negrito)

Oscar: Ator (Mickey Rourke), Atriz Coadjuvante (Marisa Tomei)

BAFTA: Ator (Mickey Rourke), Atriz Coadjuvante (Marisa Tomei)

Globo de Ouro: Ator (Mickey Rourke), Atriz Coadjuvante (Marisa Tomei), Canção: The Wrestler, de Bruce Springsteen

Festival de Veneza: Leão de Ouro

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Site Oficial

Imdb



Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.

Um Comentário

  1. belo filme. a cena final com ele subindo no corner para dar o “golpe final do cordeiro” nao me sai da cabeca.

  2. Olá, pessoal!

    Bruna – Aronofsky sabe como fazer isso com as pessoas mesmo.
    Rourke estão maravilhoso mesmo…
    Amanhã tem mais filme do Oscar!

    Red – Eu também estava super ansiosa. Ainda bem que chegou. Tenho certeza que você vai gostar.

    Sérgio – Também acho isso! Duas indicações é pouco, mas a atitude já era esperada afinal de contas é a Academia, né?

    Wallace – Eu sou bem chata com essas notas, né? Mas 8 para mim é uma notona! Hehehe

    Anderson – Vale MUUUUITO a pena!

    Pedro – Eu acho que não tem muito jeito mesmo. Ainda não vi Milk, mas acho difícil alguém superar Rourke nessa.

    Filipe – Que droga isso! Alguns títulos aqui também estão marcados para depois da cerimônia. Como Slumdog Millionaire. Estou torcendo para conseguir uma pré-estréia na semana anterior para dar tempo.

    Vinícius – Eu não gosto muito não, mas dou todos os méritos a quem consegue fazê-lo…

    Alex – Não concordo não. Acho que eles são muito importantes para a trama, mas o filme tem muitos outros méritos…

    Beijocas a todos!!

  3. Cecília, acho que os destaques de “O Lutador” devem ser todos centrados no trio principal. É claro que Darren Aronofsky faz um bom trabalho na direção, mas o roteiro só ganha potência por Rourke, Wood e Tomei.

  4. Realmente o filme também me deixou pra baixo e de certa forma adoro quando isso acontece, hehehe. Acho que é o primeiro grande longa do ano e sem dúvida merecia um reconhecimento maior por parte da Academia.

  5. Este filme só estreia em Portugal depois da Cerimónia dos Oscares, parece impossível…

  6. Ótimo texto. Não acha que poderia ter dado uma nota um pouco mais alta? De qualquer maneira, acho que vc utilizou o termo exato para definir O Lutador: arrebatador.

  7. Acabei de falar sobre o filme no meu blog… um dos grandes injustiçados do ano, merecia muito mais na premiação.

  8. Ainda não estreou em Portugal. É um dos filmes mais aguardaddos, muito por força do que se espera ser uma actuação monstruosa de Rourke.

    Beijinho.

  9. Uau! É isso mesmo. Acho que um pedaço do meu coração ficou lá no cinema…

    Nunca vi Réquiem para um Sonho(meio por falta de coragem). Agora estou mais sem coragem ainda. Pois O Lutador desce apertado, corroendo por dentro e deixando um gosto amargo. O outro de Aronofsky, não deve ser mais ameno.

    E o Mickey Rourke, apesar de já ter a “carcaça” para o papel, colocou muito mais do que isso na tela. Totalmente merecedor dos prêmios que levou (e ainda vai levar :).

    Quero ver mais Oscar por aqui, hein? Tô gostando.

    Beijos!

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