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A Casa do Terror

Aquele puxadinho sem grandes novidades

(Haunt, EUA, 2019)
Nota  
  • Gênero: Terror
  • Direção: Scott Beck, Bryan Woods
  • Roteiro: Scott Beck, Bryan Woods
  • Elenco: Katie Stevens, Will Brittain, Lauryn Alisa McClain, Andrew Lewis Caldwell, Shazi Raja, Schuyler Helford, Phillip Johnson Richardson
  • Duração: 92 minutos

Em 1981, quatro jovens resolveram se divertir passando a noite escondidos no trem fantasma de um parque de diversões. Era Pague para Entrar, Reze para Sair, filme de um dos grandes nomes do cinema de terror: Tobe Hooper, diretor de O Massacre da Serra Elétrica e Poltergeist. Essa fricção entre o parque de diversões e sustos, já é algo que faz sucesso mesmo fora das telas, tanto que trens fantasmas e casas do terror não faltam por aí. Descarga de hormônios, instinto de sobrevivência, existe algo de viciante e divertido nesses eventos, e por isso o horror atrai tanto em livros, filmes e encenações.

Em A Casa do Terror alguns elementos são modernizados. Se cinematograficamente os subtemas armadilha e torture porn foram se popularizando dos anos 2000 para cá e os escape rooms tomaram o lugar dos trens fantasmas, natural que o filme se adaptasse. Com o slasher mantido, aqui com uma gangue de mascarados bizarros, o filme fica devendo na organicidade do roteiro, mas não deixa de ser eficiente aqui e ali.

A Casa do Terror

Tudo começa de um jeito meio errado, enfocando uma relação abusiva bem mal desenvolvida  trama e, pior, marcada pela determinação: aquela pessoa é assim porque passou por isso. Apenas parem com isso, pois vítimas são vítimas e ponto. Bom, seguindo, não há nada muito diferente daquelas reuniões de adolescentes ou jovens adultos que têm o tino para fazer as piores escolhas. Tudo batido e repetido, como as atitudes idiotas de um dos carinhas ou a própria apresentação dos vilões quando tiram as máscaras.

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Se o roteiro é problemático e o visual carece de sutileza, A Casa do Terror sobrevive exclusivamente pela tensão que consegue causar. Não é nada elaborado, mas é funcional. Depois que estão dentro da cilada, a ansiedade aparece aqui e ali, junto com aquela raiva por decisões equivocadas e sustos já tradicionais no gênero. Se o modo como o labirinto vai se construindo é curioso, o clima não consegue se manter por uma equivocada vontade de explicar e mostrar demais.

A Casa do Terror

Há um outro ponto complexo, o modo como A Casa do Terror força a barra para estabelecer uma paridade com eventos externos e anteriores. Mas não é que aí existe uma fagulha curiosa, ao buscar algum tipo de metáfora no ponto de partida, nos vilões, na postura dos homens do grupo, nas memórias da protagonista. Há uma tentativa de criar um ambiente favorável à discussão. Funciona? Não muito. Mas não deixa de ser uma tentativa.

Ainda assim, A Casa do Terror é só mais um exemplar de torture porn e armadilha que bebe na fonte de vários outros títulos do gênero (e subgêneros). Mesmo com inovações e inversões, não chega perto de sua inspiração original e acaba sendo mais um numa enorme lista de filmes de fuga de psicopatas sádicos mascarados, com o mesmo resultado, inclusive. Mas é isso mesmo, a gente pode até se surpreender com o resultado, o que não acontece aqui, mas já entra na brincadeira sabendo o que vai encontrar.

Um grande momento
Esperando no beco.

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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