Crítica | FestivalMostra SP

A Jovem Rainha

(The Girl King, FIN/ALE/CAN/SWE/FRA, 2015)

Drama
Direção: Mika Kaurismäki
Elenco: Malin Buska, Sarah Gadon, Michael Nyqvist, Lucas Bryant, Laura Birn, Hippolyte Girardot, Peter Lohmeyer, François Arnaud, Martina Gedeck, Patrick Bauchau, Samuli Edelmann
Roteiro: Michel Marc Bouchard
Duração: 106 min.
Nota: 6 ★★★★★★☆☆☆☆

No seu primeiro filme de época, A Jovem Rainha, que seria melhor traduzido para O Rei Garota, Mika Kaurismäki (O Ciúme Mora ao Lado), aposta no estilo novelão para contar a história da rainha Cristina da Suécia.

Após a morte de seu pai, o rei Gustavo II Adolfo, Cristina, ainda criança, começou a ser preparada para assumir o trono. Sedenta por conhecimento, estudou áreas como filosofia, ciência e se interessava muito pelos pensamentos de René Descartes. Tudo isso durantes os conflitos religiosos entre católicos e protestantes, algo que pouco tinha a ver com seus interesses.

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Assim que foi empossada como rainha, Cristina quis acabar com as guerras. Só com a paz ela via a possibilidade de transformar Estocolmo em uma espécie de Atenas do Norte, seu maior sonho.

O longa-metragem destaca-se pelo exagero com que Kaurismäki conta sua história. Tudo na tela é grandioso e extravagante, dos figurinos às atuações, da trilha sonora aos planos escolhidos. Com uma superfície clássica e a mise-en-scène conhecida, é difícil não associar o filme às telenovelas, daquelas mais carregadas e cheias de facilidades para demonstrar sentimentos.

O todo, porém, está tão adequado à proposta e tudo é feito de maneira tão proposital que é impossível não reconhecer a maestria ao levar um projeto deste tamanho e não se perder nele em nenhum momento. As contenções são evitadas a todo custo e isso é muita coisa.

A criatividade do diretor também fica clara em muitas passagens, onde sensações são realmente despertadas em quem assiste ao filme. O tempo inteiro é possível reconhecer uma tensão bem distribuída e há o interesse pela história contada.

Porém, é fundamental que o espectador aceite a proposta melodramática do filme e, assim aproveite tudo aquilo que está vendo. Os que não embarcarem na história vão se incomodar muito com todos os excessos.

Com uma fotografia interessante de Guy Dufaux (As Invasões Bárbaras), o longa ainda conta com boas atuações de Malin Buska (Happy Hour) como Cristina; Michael Nyqvist (O Homem Que Não Amava as Mulheres) como o Chanceler Axel, responsável pela criação da rainha, e Martina Gedeck (A Vida dos Outros) como Maria Eleonora, mãe da soberana. Os três entenderam a proposta do diretor e incorporaram muito bem seus personagens. O que não aconteceu com alguns, que se perdem nos exageros, como o fraco Lucas Bryant (Para Sempre).

Um filme curioso, que precisa dessa parceria com o público para funcionar de verdade.

Um Grande Momento:
Vestidos.

A-jovem-rainha_poster

Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=Ags39i275ro[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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