(La odisea de los giles, ARG, ESP, 2019)
Com a economia argentina em frangalhos, os cidadãos tentavam se virar como podiam. Era assim também com a turma da pequena província de Buenos Aires e especialmente com um grupo de amigos que sonhava em abrir uma cooperativa, reativando uma antiga benfeitoria do local.
A ideia ganha força e, como o ânimo do pequeno grupo é contagiante, faz com que outras pessoas aceitem participar da empreitada, cada uma com suas economias. Vale passear pela história econômica da Argentina para entender um pouco melhor o filme e lembrar que nos anos 1990, uma política cambial arrojada e desastrosa, permitiu que se trocasse pesos por dólares livremente. Foram esses dólares que entraram no negócio da cooperativa, cada um dando suas últimas reservas.
O golpe sofrido pelos tontos do título acontece numa sequência inspirada, embora não tão original. A angústia é estimulada com a decisão pelo depósito dos dólares e liberação do empréstimo e o letreiro dá o recado: 2 de dezembro de 2001. Ou seja, vinha o “corralito”, quando Fernando de la Rúa congelou as contas correntes de todos no país. Mas tinha coisa pior a ser descoberta pelo grupo.
A Odisseia dos Tontos assume a tom da aventura para contar a sua história, e escolhe esquemas bem pontuados no gênero. Não é um filme que busca caminhos extravagantes ou originais, pelo contrário, a despeito do inusitado da trama, é bastante previsível em sua fórmula, desenvolvimento e acontecimentos, mas não deixa de entreter e divertir, como toda boa aventura deve fazer.
Com tudo caminhando meio no piloto automático, sobra tempo para as atuações competentes do grupo encabeçado por Ricardo Darín, que ainda traz Luis Brandoni, Carlos Belloso e Rita Cortese em ótima forma.
O andamento é seguro, embora se perca rapidamente na representação das muitas repetições do plano, e A Odisseia dos Tontos chega bem ao seu momento mais tenso. Mesmo que não encha os olhos de ninguém, entrega aquilo que promete e é uma volta interessante a um momento político que ainda influencia a economia argentina, quase vinte anos depois.
Um Grande Momento:
“Ele está vindo!”