Crítica | Streaming e VoD

Ferida

Aquele último round de sempre

(Bruised, EUA, 2020)
Nota  
  • Gênero: Ação
  • Direção: Halle Berry
  • Roteiro: Michelle Rosenfarb
  • Elenco: Halle Berry, Adan Canto, Sheila Atim, Adriane Lenox, Valentina Shevchenko, Nikolai Nikolaef, Danny Boyd Jr., Shamier Anderson, Stephen McKinley Henderson
  • Duração: 129 minutos

Ferida, uma das super aquisições do ano da Netflix que chega agora ao catálogo do serviço de streaming, é daqueles títulos que não vai surpreender o espectador e nem trazer nada ainda não visto, mas que nem por isso vai deixar de prender a atenção por seu assunto. Em sua estreia na direção, a atriz ganhadora do Oscar Halle Berry aposta num tema que é relativamente seguro, uma lutadora com a vida destruída que através do esporte vai encontrar um caminho para se reerguer.

O roteiro de Michelle Rosenfarb está interessado na redenção, mas para isso primeiro se dedica em jogar Jackie Justice lá no fundo do fundo do poço. De um fracasso não visto, mas narrado e todas as fugas subsequentes, da relação tóxica com o companheiro, da falta de diálogo com a mãe, do aparecimento do passado, quase tudo o que chega para ela tem um peso e uma conotação negativa. A armadilha mais fácil para que quem assiste ao filme se envolva com a trama e dê valor e atenção aos pequenos passos ascendentes da protagonista. 

Ferida
John Baer/Netflix

A forma para acompanhar essa trajetória é a mais tradicional possível e se divide em duas: de um lado a mulher, de outro a lutadora. Na primeira, aposta nos tons escuros e na câmera na mão, destacando ainda mais a profusão de desastres, levando o espectador ao extremo em busca da emoção. Na segunda, atualiza algumas propostas, trazendo um tom frenético do MMA, mas não abandona o básico nos treinamentos, e, obviamente, se apoia nas sempre eficiente força do esporte e na tensão da luta.

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Como em outros roteiros do gênero, o filme entra no modo automático e o sentimentalismo vai tomando conta da narrativa, com Jackie Justice encontrando motivos reais para buscar uma nova vida e encarar seus fantasmas enquanto prepara tudo para luta final. Que é o que o filme tem de mais interessante, também nada muito diferente do que já se viu antes.

Ferida
John Baer/Netflix

Se essa aproximação e apego ao sofrimento e à adrenalina não é original, é possível perceber que há muita paixão no trabalho de Berry por Ferida, tanto na direção do filme, que inicialmente seria protagonizado por Blake Lively e depois foi readaptado, quanto na atuação, quando volta a um papel onde podemos dizer que se sente confortável depois de suas participações em filmes como o tosco Mulher-Gato, a trilogia X-Men e o interessante John Wick 3.

Mas é assim, na empolgação da nova diretora e em sua dedicação como atriz, na sensação de repetição e do já visto, na manipulação pelas lágrimas e naquela coisa que só a sequência de rounds de uma luta pode causar, Ferida entrega aquilo que desde o começo do filme disse que ia entregar.

Um grande momento
A luta

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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