Aliens Abducted My Parents and Now I Feel Kinda Left Out

Nada melhor para traumas do que uma história fantástica, não é mesmo? Aliens Abducted My Parents and Now I Feel Kind Left Out fala sobre como sobreviver àquilo que não se pode entender. Típico filme para toda a família, com muita ingenuidade e humor, volta ao cinema infantil de aventura e ficção científica em live action que já não se vê mais tanto por aí para criar uma fábula envolvente sobre um menino que se vê sozinho na Terra depois que, como diz o título, seus pais são levados por uma nave espacial.

Ele é Calvin e o alcançamos de novo partindo de uma velha premissa: Itsy é uma adolescente contrariada que se muda com a família para uma cidade pequena. Colega de sala do esquisito que tenta reencontrar os pais desaparecidos, acaba se aproximando dele e se apega, mas tem alguns interesses que se chocam com a amizade. Nada é novo e muito original, mas o modo como Jake Van Wagoner, que já dirigiu My Brother the Time Traveler, conta a história de Austin Everett é cativante e, além de ter muito potencial com os pequenos, também tem agrada os mais velhos.

O humor é o ponto forte de Alients Abducted My Parents, que desenvolve os personagens com habilidade. Calvin parece saído diretamente de um filme dos anos 1980, com toda a sua nerdice e obsessão pelas coisas do espaço. O isolamento dele se encaixa com o deslocamento dela, que, embora não tenha a sua personalidade tão relacionada a uma década específica, também é muito diferente de todos os colegas da nova turma. E ainda temos figuras marcantes, como o irmão caçula, figura comum no gênero, e os pais de Itsy, de uma felicidade tão exagerada que chega a ultrapassar o bom senso.

O elenco todo funciona muito bem, mas Emma Tremblay (Supergirl) e Jacob Buster (da série Deixa Ela Entrar) têm uma química especial como o casal principal. O pequeno Kenneth Cummins também traz graça ao filme como o sidekick inesperado da dupla. O modo como aquele universo é criado, com ambientes de fácil identificação para o público, como a escola, e outros que despertam a curiosidade, como o interior da van ou mesmo o laboratório, é importante, e o trabalho de Ashley Cook no desenho de produção e de Anna K. Findlay no figurino são muito bons.

O roteiro, obviamente, não é nada imprevisível, mas o longa parece se importar mais com o entretenimento. Apesar disso, por trás de toda a aventura, há uma reviravolta amarga, que chega fazendo com que Aliens Abducted My Parents desperte outros sentimentos. Para além do coming-of-age fofo que acompanhamos, chega a hora de encarar a questão da fantasia usada como proteção, mas nada que Van Wagoner faça de modo a matar a imaginação. Tudo muito bem encaixadinho em um título que, voltando ao passado, tem tudo para agradar toda a família.

Um grande momento
Na lanchonete

[Sundance Film Festival 2023]