Comédia
Direção: Alvaro Campos, Pedro Antônio Paes
Elenco: Gigante Léo, Felipe Abib, Maria Eduarda Carvalho, Milhem Cortaz, Camila Márdila, Pedro Sol
Roteiro: Alvaro Campos, Pedro Antônio Paes
Duração: 90 min.
Nota: 5
De 2017, com produção Telecine e Globo Filmes, outro título que vem direto da plataforma de streaming para a televisão é Altas Expectativas. Naquele típico formato “eu já vi umas cinquenta histórias parecidas com essa em filmes,” é livremente inspirado na vida do ator e comediante Leonardo Reis – o Gigante Léo. Orbitando entre as comédias descerebradas dos irmãos Farrelly e séries como Seinfeld (alguma inspiração aqui é possível de se enxergar) e Maravilhosa Senhorita Maisel, temos um drama com toques cômicos sobre a vida de um anão tratador de cavalos, que acaba se tornando comediante stand up.
No mundo real, Léo sofreu muito preconceito mas conseguiu conquistar seu lugar em clubes de comédia importantes no Sudeste e inclusive conheceu a esposa, a terapeuta Carol Portela (com quem tem uma filha), em um dia de apresentação. Para não ser nem uma autobiografia muito chorosa nem uma comédia muito enlatada, Altas Expectativas mescla uma trama ficcional, que se passa no mundo do turfe e corridas de cavalo no jóquei clube com um pouco da vivência de Leo, que aqui encarna o tímido porém cheio de timing cômico Decinho.
Ele leva uma vida tranquilona, porém tem sua rotina alterada quando se encanta por Lena (Camila Márdila), a jovem dona do café do jóquei. O que se vê após esse incidente excitante – a chegada dela na vida dele -, é uma sucessão de situações onde Decinho tenta se aproximar, no melhor estilo Cyrano, do seu objeto do afeto. A grande aliada e sidekick nessa empreitada é a joqueta Lima (Maria Eduarda Carvalho), totalmente destrambelhada. O obstáculo que depois se prova ser um grande aliado ou mesmo guru é o jornalista Tassius. Em meio a trama romântica, as cenas do presente são entrecortadas por passagens dele no palco como comediante stand up, contando piadas que também servem como uma espécie de conscientização sobre o preconceito com o grupo “minoritário” do qual faz parte, das pessoas com nanismo.
Filipe Abib (Faroeste Caboclo) e a estreante Maria Eduarda Carvalho emprestam carisma ao elenco e seguram boa parte das cenas onde interagem com Decinho/Léo e entre eles. Milhem Cortaz (O Lobo Atrás da Porta) é apenas o vilão unidimensional. O filme carece realmente de um roteiro caprichado, que trate com carinho os personagens e não como meros acessórios cenográficos. Os diretores Pedro Antônio Paes (Tô Ryca!) e Álvaro Campos também assinam o roteiro, que teve a consultoria do expert Miguel Machalski (também consultor de S1mone e Tarde Para Morrer Jovem).
A intenção de arrancar sorriso e até algumas lágrimas se concretiza em momentos do segundo e terceiro ato quando a Léo é permitido improvisar um pouco ou se mostrar mais como é. Nada engraçado é o desperdício do talento da Camila Márdila (que vive a Jéssica no clássico do cinema contemporâneo nacional Que Horas Ela Volta?) que apenas cumpre a função de interesse amoroso do mocinho – mas realmente de onde já se esperava tão pouco, como apostar no cavalo azarão, até que não houve muitas perdas nesse turfe cinematográfico.
Um Grande Momento:
A conversa sincerona no clube de comédia.
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