- Gênero: Ação
- Direção: Michael Matthews
- Roteiro: Matthew Robinson, Brian Duffield
- Elenco: Dylan O'Brien, Jessica Henwick, Michael Rooker, Dan Ewing, Ariana Greenblatt, Ellen Hollman, Tre Hale, Pacharo Mzembe
- Duração: 109 minutos
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Por conta da pandemia de COVID-19, a nossa relação com as produções cinematográficas foi alterada emocionalmente, assim como com todas as coisas, principalmente com a arte. Um filme de mote muito específico como Amor e Monstros, onde observamos algo que nos remete ao nosso estranho “normal” da atualidade como o isolamento social, exacerba nossas sensações, e o filme acaba acionando botões inesperados para uma superprodução cheia de efeitos especiais, merecidamente indicados ao Oscar em uma disputa contra produções muito mais caras, como Tenet e O Céu da Meia Noite, mas é aqui que eles chamam a atenção de maneira mais inovadora.
Em um futuro indefinido, a população humana que restou na Terra vive em subterrâneos para se esconder dos animais geneticamente modificados após a queda de um asteroide no planeta. Ou seja, metaforicamente o longa do sul-africano Michael Matthews é de fácil transporte para nossa realidade pandêmica, e toda textura melancólica que o filme sutilmente apresenta entre seus personagens, mais precisamente no protagonista Joel, um jovem apaixonado que deseja reencontrar uma paixão da adolescência, perdida em algum outro subterrâneo; esse é o périplo que ele tentará percorrer.
Apesar de disparar sua narrativa de maneira muito apressada, quase sem aprofundamento inicial, o que deixa o público a princípio deslocado na empatia, o roteiro de Brian Duffield e Matthew Robinson gradativamente nos insere nesse contexto de como o isolamento é necessário para preservar a vida, mas também provoca um grau de carência inesperado nos personagens, que formam casais aleatoriamente e, quando não conseguem, acabam sofrendo por histórias sem garantia, como o protagonista Joel. Essa necessidade extrema de afeto que afastamento produz e está sendo vista no mundo real hoje poderia ser ainda mais espelhada no filme, que precisa se dividir entre muitas frentes.
Apesar de não-intencionalmente penetrar em momento muito simbólico da sociedade e conseguir metaforizar a contento vários males que o trágico 2020 trouxe, Amor e Monstros também é um produto de entretenimento de primeira linha, com efeitos especiais que não ficam nada a dever a produções como Tropas Estelares e uma direção de arte a cargo do mestre Dan Hennah, responsável e vencedor do Oscar pela trilogia Senhor dos Anéis, absolutamente estonteante; ou seja, estamos falando de uma produção que pretende afetar o público em mais de uma vertente, e promover uma diversão de alto nível sem perder sensibilidade.
O filme acompanha o protagonista vivido por Dylan O’Brien (da cinesérie Maze Runner) em situações de conflito físico ou emocional, que o rapaz segura muito bem, mas que o filme também banca com destreza, sem perder os aspectos de suas possibilidades e indo fundo para angariar a empatia que o início apenas prometeu. Sem querer inventar qualquer conceito novo, a produção apenas realiza seus intentos da maneira mais competente, o que demonstra que muitas vezes o excesso de originalidade não é garantia de um resultado elevado; a simplicidade narrativa não cria um embate com a inesperada sofisticação estética.
Com cenas de ação exemplares como a da chegada da Rainha e a do passeio do caracol, o filme também evoca nossa emoção em várias passagens com muita sinceridade, como na cena do encontro de Joel com o robô. Aos poucos, o carisma de Amor e Monstros vai mostrando que seu realizador tem o pique que seu conterrâneo Neill Blookamp demonstrou em Distrito 9, sendo Matthews uma revelação que precisamos ficar de olho. O filme acertado a aportar na Netflix no momento, a produção compreende tanto o sentimento de solidão que o isolamento nos legou, como também o senso de entretenimento presente em cada sequência.
Um grande momento
“Stand by Me”