Crítica | Streaming e VoD

As Viúvas

(Widows, GBR/EUA, 2018)
Ação
Direção: Steve McQueen
Elenco: Viola Davis, Liam Neeson, Jon Bernthal, Manuel Garcia-Rulfo, Coburn Goss, Michelle Rodriguez, Alejandro Verdin, Bailey Rhyse Walters, Elizabeth Debicki, Carrie Coon, Robert Duvall, Colin Farrell, Molly Kunz, James Vincent Meredith, Brian Tyree Henry, Daniel Kaluuya, Eric C. Lynch, Michael Harney, Brian King, Jacki Weaver
Roteiro: Lynda La Plante (seriado), Gillian Flynn, Steve McQueen
Duração: 129 min.
Nota: 8 ★★★★★★★★☆☆

Dirigido por Steve McQueen e estrelado por Viola Davis, As Viúvas narra a história de superação de quatro mulheres num mundo corrupto e violento, inóspito para fracos e inocentes.

O filme começa durante a fuga de bandidos numa ação malsucedida, as cenas de perseguições são cortadas por flashs que mostram quem são cada um daqueles bandidos, que em instantes estarão mortos. Nesta cena inicial o diretor já demonstra o tom violento e cruel de sua história. A força das imagens, a movimentação da câmera e o som de tiros, explosões e gritos estabelecem o nível de tensão que acompanharemos.

Uma herança de dor e problemas é o que estas mulheres receberão de seus maridos, não bastando suas mortes. Verônica (Viola Davis) é cobrada e ameaçada por Jamal (Brian Tyree Henry), um gangster que tenta a todo custo entrar para o mundo da política distrital de Chicago. Segundo ele, Harry Mulligan (Liam Neeson) marido de Verônica e mentor do assalto, teria roubado uma enorme quantia que lhe pertencia. Sendo assim, Verônica terá um mês para devolver cerca de 2 milhões de dólares. É durante esse tempo que se desenrola toda a história.

Apoie o Cenas

Pressionada e sem muitas opções, Verônica tem em mãos um caderno deixado por Harry, ali estão detalhes de futuras ações. Decidida a manter-se viva, ela propõe a outras viúvas um novo plano para salvar suas vidas, coisa que seus parceiros foram absolutamente incapazes de fazer.

Neste cenário, outros ótimos personagens aparecem aumentando a complexidade de toda a trama de As Viúvas, além de formar um elenco invejável. Colin Farrell, Daniel Kaluuya e Robert Duvall, apenas para citar alguns.

Diretor e roteirista de dramas pesados como 12 Anos de Escravidão, Shame e Hunger, McQueen se aproxima aqui do gênero ação/policial. Contudo, o diretor não se limita a essa ação de movimento e atitudes, ela existe, mas é construída trilhando o caminho mais realista possível. Pois, tão importante quanto a atitude de cada personagem, a história de cada uma dessas mulheres, num contexto de diversas crises sociais, onde motivações e conflitos estão em constante choque, vale mais.

Com aproximadamente 2 horas de 10 minutos de duração, o clima tenso constante causa algum cansaço, mas não faz perder o interesse pela história. Na intensidade com que é desenrolada a trama, o elenco mostra-se em plena sintonia, com o tom necessário. Em momento algum temos um alívio na carga dramática dos personagens: mesmo os que pouco aparecem, deixam sua marca bem registrada e, por assim dizer, sua importância na história.

Robert Duvall é um desses exemplos, assim como Daniel Kaluuya, que aparece num papel diferente e reafirma sua qualidade como ator. O destaque, porém, fica com Viola Davis. Com uma interpretação marcante, ela consegue expressar no olhar a força e, ao mesmo tempo, a carência de Verônica. As dualidades da personagem são mantidas e expostas em quase todas as cenas.

Impossível ignorar a questão do empoderamento feminino que o filme aborda sem abusar de panfletos, mas As Viúvas vai além desta questão e demonstra a falência geral de caráter na sociedade, seja na política, nos bastidores religiosos, no matrimônio, nas questões raciais e profissionais.

Adaptado de um seriado dos anos 1980, contando com a mão da escritora Gillian Flynn (“Garota Exemplar”) em parceria com Steve McQueen no roteiro, As Viúvas é muito mais do que sua casca pode sugerir, são muitas pedras em diferentes sapatos.

Um Grande Momento:
Perseguição inicial.

Links

IMDb

Ygor Moretti

Ygor Moretti Fioranti, paulista nascido em 1980 e formado em Letras, trabalha como designer gráfico. É poeta esporádico, contista por insistência... Santista, cinéfilo, rato de livrarias, sebos e bancas de jornal. Assisti e lê de tudo, de cinema europeu a Simpsons; de Calvin e Haroldo a Joseph Conrad. Mantém o blog Moviemento e colabora na sessão de cult movies com O Cinemista.
Botão Voltar ao topo