- Gênero: Terror
- Direção: William Eubank
- Roteiro: Christopher Landon, Oren Peli
- Elenco: Emily Bader, Roland Buck III, Dan Lippert
- Duração: 100 minutos
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Dirigido, escrito, produzido, editado e filmado pelo israelense Oren Peli, Atividade Paranormal é daqueles filmes que marcam gerações. A minha, que tinha entre 8 e 12 anos quando o filme foi lançado, em 2007, foi particularmente impactada. Quando se tem essa idade, qualquer filme que se autointitule “o mais assustador de todos os tempos” se apresenta como um desafio irresistível. Mas poucas obras têm propriedade para clamar a alcunha de mais assustador como o Atividade Paranormal original. Genuinamente arrepiante. O filme que prejudicou mais rotinas de sono mundo afora desde A Bruxa de Blair (1999), seu antecessor espiritual.
O grande mérito desses filmes, obras primas do terror de found footage, e que os torna impossíveis de reproduzir (ao menos na lógica do cinema indústria), é justamente o fato de terem sido gravados com orçamentos absolutamente escassos: $60.000 no caso de A Bruxa de Blair e impressionantes $15.000 no caso de Atividade Paranormal, filme que, inicialmente, pagou meros $500 aos atores que interpretam os protagonistas Micah e Katie.
A precariedade com que foram filmados é parte indissociável do impacto que os filmes causam. As câmeras antigas ou extremamente baratas dão o tom de que aquelas imagens horripilantes podem perfeitamente ter acontecido no mundo real, e capturadas de forma amadora, por pessoas comuns, com equipamento de fácil acesso. (“Aconteceu perto da sua casa”). Isso faz toda a diferença. O fato de os filmes possuírem pouco dinheiro para investir em efeitos visuais computadorizados também é parte importante do medo que eles provocam. Um lençol voando ou um lustre balançando de modo sobrenatural é muito mais assustador do que um monstro de CGI que pula na frente da câmera por 2 segundos.
Os filmes trazem uma coisa meio “uma câmera na mão, uma ideia na cabeça” que é insubstituível, como se a falta de dinheiro fosse necessária para que ideias mais criativas surgissem. Hipótese que se comprova diante das sequências que esses filmes ganharam. Chegamos, depois de quatro parágrafos de delongas, a Atividade Paranormal: Ente Próximo, sétima peça da franquia, dessa vez com um orçamento de $5 milhões, lançada em 2021 e que estreia neste sábado (28/5) no Telecine.
Já adianto que o roteiro, assinado pelo diretor e roteirista original Oren Peli, levanta temáticas envolventes, mas que também não são tão dignas de nota. O filme parece bebericar tanto de A bruxa de Blair quanto de A Bruxa (2016), longa-metragem de estreia do já estabelecido Robert Eggers, e joga no terreno bem contemporâneo (e confortável) do terror de seita, que vem fazendo muito sucesso nos últimos anos. Com poucas exceções, em todos os outros aspectos, desde as atuações à fotografia, o filme não convence. Há de convir, um horror de found footage gravado com uma ARRI Alexa (câmera que no Brasil pode custar em torno de 30 a 50 mil reais), não parece tão autêntico. Ainda mais quando ele emprega uma computação gráfica, sinceramente, desrespeitosa.
As decisões dos personagens, especialmente da protagonista, também são dignas de nota. Todo mundo sabe que uma das mais sólidas convenções do cinema de terror são os personagens burros, certo? “Não abre essa porta!”; “Corre daí, burro”; “Não é possível que ela vai lá fora”, são frases que passam pela nossa cabeça quando assistimos a maioria dos filmes de terror. Mas, meu amigo, aqui a coisa muda de patamar. Eu não me lembro de ver personagens tão idiotas e alheios ao que tá acontecendo ao redor deles como nesse filme. Se o filme não contasse tanto com a burrice dos protagonistas como bengala para avançar pontos do roteiro, a experiência seria muito mais convincente.
Poucos traços do filme original estão aqui. Com exceção de algumas cenas com o modo câmera noturna e dos nomes de entidades demoníacas que a trama envolve, Atividade Paranormal: Ente próximo não faz por merecer o nome que carrega.
Um grande momento
Margot debaixo da cama
Não sou fã de found footage, mas tinha gostado de “Atividade – 1” e “A Bruxa de Blair”. Esse aqui deixa muito a desejar, faltam algumas coisas, sobram outras. O poço é legal.