Crítica | Streaming e VoD

Caçadores das Almas Perdidas

(Deadtectives, EUA, 2018)
Comédia
Direção: Tony West
Elenco: Chris Geere, Tina Ivlev, David Newman, José María de Tavira, Martha Higareda, Mark Riley, Emilio Savinni, Valentina Zertuche, Matías del Castillo, Nuria Blanco, Milleth Gómez, Raúl Aranda-Lee, Cris Rice
Roteiro: Tony West, David Clayton Rogers
Duração: 92 min.
Nota: 6 ★★★★★★☆☆☆☆

Um dos filões dentro do gênero reality show é o de programas com abordagem sobrenatural. As séries, hoje feitas para a televisão ou para a web, vão desde as mais simples, onde se busca contato com o outro mundo, até as mais elaboradas, onde o objetivo é desvendar mistérios de casas assombradas e livrá-las de possíveis espíritos. Entre médiuns, céticos e charlatões, são shows que costumam ter uma boa audiência e um público fiel. O oculto costuma mesmo atrair as atenções e como tudo que é levado a sério por alguma parte da sociedade, tem tantos derivados, principalmente na comédia, como é o caso de Caçadores das Almas Perdidas, novo filme do selo TNT Original.

O terrir, dirigido por Tony West, não esconde nem um pouco de onde tira sua inspiração. Sam Whitner é o apresentador picareta de um desses programas de casas assombradas. Com uma equipe especializada em produzir efeitos que simulam a presença de fantasmas e pontos eletrônicos faz com que suas vítimas acreditem na veracidade de sua mediunidade e mantém um programa de quinta, que não consegue ter a audiência esperada. À beira do cancelamento do show, precisa aceitar novos membros no grupo e é enviado para o México para a season finale, em uma casa assombrada há muitos anos.

Com um humor muito baseado no que se conhece dos programas parodiados e do charlatanismo que pode estar por trás de qualquer coisa que se relacione com fantasmas, Caçadores das Almas Perdidas não se destaca pela originalidade, mas tem os seus momentos divertidos. Há boas ideias, principalmente quando o West opta pela quebra dos bastidores para o show, logo após a entrada na casa. É um movimento sutil, que nem dura o filme todo, mas que só por estar ali já faz muita diferença.

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Além disso, há boas piadas aqui e ali no roteiro assinado pelo próprio diretor ao lado de David Clayton Rogers, não só com o oculto como também com a dinâmica entre os personagens. Há ótimos momentos, como a apresentação de Bob, April descobrindo a câmera especial, Javier interagindo com a mãe morta ou o retorno empoderado à casa. Porém, os excessos não passam batido, como a exotização do México e dos mexicanos, o próprio personagem de Javier e uma graça nem tão engraçada assim que envolve o corpo feminino.

O longa também é irregular nos efeitos especiais, embora tenha algumas boas soluções e se encontre nas ideias mais caseiras, e tem um desenho de produção bem competente de Carlos Lagunas, assim como adereços divertidos, citações diretas de personagens como Ichabod Crane e os doutores Peter Venkman e Raymond Stantz. Essa ambientação adequada, junto com a dedicação do elenco composto por Chris Geere, Tina Ivlev, David Newman, José María de Tavira, Martha Higareda e Mark Riley – que parece se divertir muito com aquilo que está fazendo – contribui para que o filme flua e seus defeitos não sejam tão levados em conta.

Caçadores das Almas Perdidas, por fim, não é um filme que vai ficar por muito tempo na cabeça, mas que cumpre seu papel de entreter ao visitar uma das grandes manias da atualidade, que transforma em reality show absolutamente tudo que possa existir. Entre fantasmas, casas assombradas e possessões, a história desses detetives sobrenaturais é até exagerada e encontra o seu humor naquelas coisas que não precisava, como a escatologia, mas vai fazer rir.

Um Grande Momento:
Voltando para buscar Kate.

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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