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Caminhos da Floresta

(Into the Woods, EUA, 2014)

Musical
Direção: Rob Marshall
Elenco: Anna Kendrick, Emily Blunt, Johnny Depp, Chris Pine, Meryl Streep, Christine Baranski, Lucy Punch, James Corden, Tammy Blanchard, Mackenzie Mauzy, Lilla Crawford, Billy Magnussen, Daniel Huttlestone, Frances de la Tour, Tracey Ullman
Roteiro: James Lapine
Duração: 124 min.
Nota: 8 ★★★★★★★★☆☆

A força de voltar às histórias que conhecemos tão bem e estão, de certo modo, incutidas em nossa memória pode sempre render bons frutos. Vários foram os projetos que reconheceram o poder dos contos de fadas e Caminhos da Floresta segue o mesmo caminho. O longa-metragem da Disney é uma adaptação do musical de mesmo nome dos anos 80, escrito por James Lapine – que adaptou o roteiro para o cinema – e com músicas de Stephen Sondheim.

Ainda que se leve à telona alguma coisa do teatro, a marca do estúdio pode ser percebida na qualidade da produção, principalmente na recriação da floresta onde vários personagens para lá de conhecidos se encontram. Em comum, todos estão, de alguma forma, tentando realizar seus desejos.

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O elenco é o ponto mais forte do filme ao reunir nomes como Meryl Streep (A Dama de Ferro), Anna Kendrick (Amor sem Escalas), Emily Blunt (Looper – Assassinos do Futuro) e até Johnny Depp (Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet) e Tracey Ullman (Trapaceiros) em pequenas pontas. Boas interpretações também são entregues por James Corden (Matadores de Vampiras Lésbicas), Christine Baranski (O Grinch), e pelos jovens Lilia Crowford e Daniel Hutllestone (Os Miseráveis).

O diretor Rob Marshall (Chicago) soube mesclar muito bem suas exigências e parece compreender a capacidade vocal de cada um dos atores, até com aqueles que não nasceram para cantar. Mesmo que isso pudesse ser um problema, pois o roteiro é cheio de diálogos cantados, não existe um momento incômodo, como em outros exemplares do gênero. O equilíbrio acaba prevalecendo e até mesmo os menos reconhecidos conseguem surpreender, como é o caso de Chris Pine (Star Trek) e seu príncipe encantado canastrão e divertido.

O roteiro de James Lapine (do telefilme Passion), inspirado no livro “The Uses of Enchantment”, que fala sobre o significado e a importância dos contos de fadas, dá aos conhecidos João do pé de feijão, Chapeuzinho Vermelho, Cinderela e outros personalidades versões mais atualizadas, e não economiza no sarcasmo. A diversão está garantida, embora em vários trechos só consiga funcionar com adultos.

Claro que, como qualquer material baseado em contos de fadas, o filme tem um moralismo que incomoda em alguns momentos. Nada que não esteja completamente adequado ao gênero literário no qual se inspira, mas que levanta uma questão interessante.

Durante anos e anos, a própria Disney fez questão de “transformar” os contos escritos por Perrault e pelos irmãos Grimm, amenizando suas histórias e – fora a manutenção do machismo – fazendo com que “lições de moral” chegassem maquiadas, fingindo que não se importava com isso. Nada que fosse rejeitado pela audiência como deveria.

Agora que há um resgate de vários personagens e a explicitação de algumas passagens dos contos individuais antes repelidas, choca uma parcela dos espectadores. A falta de sutileza pode incomodar alguns, mas, como disse antes, nada que deveria causar tanto espanto. Os contos de fadas estão aí há séculos fazendo isso. Pior, têm aí sua razão de existir.

Morais à parte, Caminhos da Floresta é um filme divertido que tem na nostalgia e no bom humor suas maiores qualidades. Vale a pena se entregar.

Com certeza, não é um filme indicado para aqueles que não gostam de musicais.

Um Grande Momento:
“Agony.”

Links

IMDb [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=kjtslzqms50[/youtube]

Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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