(Canción sin nombre, PER, ESP, EUA, CHL, 2019)
Canção sem Nome volta ao Peru dos anos 1980 para fazer um retrato de um país quebrado, inerte. Em preto e branco, recortes de jornais e trechos de notícias atualizam o espectador sobre a hiperinflação, o descaso político sob a figura de Alan García e a violência extrema do Sendero Luminoso. Contextualizado, conhece sua protagonista Georgina e aquele que a ajuda, Pedro.
Se a época retratada já era de poucas esperanças, a diretora Melina León torna tudo ainda mais pesado. Seja na composição dos personagem ou modo de se expressarem. A trama por trás do filme, o sequestro do filho de Georgina, mesmo que fundamental vai ficando em segundo plano para que a relação do país e estas pessoas se estabeleça e ganhe destaque.
Canção sem Nome não se esquiva no maniqueísmo evidente e nem disfarça a exaltação de seus protagonistas, como a pobre grávida vendedora de batatas ou a mãe desesperada sem seu rebento e o jornalista homossexual ameaçado de morte contra os vilões malévolos do sistema, e nem tem esse interesse, mas isso talvez não seja tão bom ao filme.
Ainda assim, há coisas muito interessantes no longa, como toda a realização imagética da exclusão tanto de Pedro, social, quanto de Georgina, espacial, porém uma certa imaturidade na trabalhar deste casamento de imagens prejudica a experiência. Por vezes há excesso, por vezes há inadequação, ainda que sempre as imagens de Inti Briones sejam belíssimas.
Entre erros e acertos, é um longa interessante por esteticamente encontrar uma época passada e, de alguma maneira, resgatar uma história que merece ser resgatada. Canção sem Nome é um quase filme de suspense que abandona a investigação porque o lugar onde acontece era terrível demais e merecia mais atenção do que o evento em si. Sem dúvida, um filme que perturba por sua tristeza.
Um Grande Momento:
O final.
[Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro 2019]
[Festival do Rio 2019]