- Gênero: Suspense
- Direção: George Gallo
- Roteiro: George Gallo, Samuel Bartlett
- Elenco: Morgan Freeman, Ruby Rose, Patrick Muldoon, Nick Vallelonga, Julie Lott, Hannah Stocking, Joel Michaely, Miles Doleac, Paul Sampson
- Duração: 94 minutos
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Com vontade de fazer uma viagem no tempo sem assistir a um filme de fantasia ou ficção científica e nem buscando um título bem antigo do catálogo? Conquista é o filme certo para você. Ou não, porque é difícil falar que há algo de certo ali. Atraindo a atenção com o nome de Morgan Freeman, a história do ex-policial que envolve sua cuidadora numa trama de corrupção é vergonhosa. E fora do tempo.
Tudo começa com a gigantesca abertura que lembra os antigos seriados televisivos, algo como uma versão piorada de Law & Order, e continua na tentativa de ambientação do espectador na apresentação dos personagens. Alternando cenas, o diretor George Gallo (que ao lado de Francesco Cinquemani recentemente cometeu o igualmente ruim A Rosa Venenosa, estrelado também por Freeman e John Travolta) abusa de filtros, lentes, efeitos de luz e frases de efeito, como “Tiro o sono dos outros. Eu durmo muito bem”.
Para Gallo, não bastam as definições do roteiro, escrito por ele e Samuel Bartlett, é preciso que tudo seja gráfico. E os dois lados são visualmente muito marcados. Se o time Freeman chega no escuro sob as frestas de um confessionário, com efeitos da luz passando por vitrais e depois mergulha num azul séptico, o outro lado está mergulhado no verde, mas se apresentando com efeitos também elaborados, com direito a olho de peixe e desfoque, para definir múltiplos pontos de vista, incluindo o de um rato.
Mas nada que se demore e não se abandone em seguida, numa demonstração de indecisão por qual caminho seguir. Daí ao convencional, o filme se pontua por flashbacks ofensivos (aqueles que repetem cenas que acabamos de ver) e por cenas chupadas de filmes de ação que o diretor deve gostar, mas não consegue replicar, como o desfecho da perseguição de moto ou a revoada de gaivotas. Aliás essas pequenas alterações — tirem os pombos, ponham gaivotas — fazem parte de uma outra característica marcante do filme: o humor involuntário.
O pacote também vem comprometido, com cortes esquisitos, conexões truncadas e transições de cena para lá de amadoras. No meio do caos, como não poderia deixar de ser, as atuações são meia-boca, para dizer o mínimo, não apenas com atores que não tinham o que fazer com seus personagens rasos, mas com aqueles que realmente não conseguem demonstrar nenhum tipo de conforto ou familiaridade com a câmera.
É muito ruim, mesmo. Tanto que a gente não para de ver porque tem aquele magnetismo que só a ruindade extrema desperta. Mas o mais curioso de tudo em Conquista é que, mesmo com sua moto ultra moderna, seus carros atuais, sua tecnologia e sua protagonista quebra-tudo, o filme não consegue sair dos anos 1990. Seus figurinos, penteados e cenários estão presos no tempo, assim como o roteiro e personagens. Acho que os quase sete minutos de Law & Order do começo queriam dizer isso.
Um “grande” momento
As gaivotas voam