Crítica | Outras metragens

Crimson Ties

As primeiras imposições

(Crimson Ties, EUA, 2022)
Nota  
  • Gênero: Ficção
  • Direção: Francesca Scorsese
  • Roteiro: Savannah Braswell, Francesca Scorsese
  • Elenco: Carleigh Johnston, Petra McGregor, Isan Elba, Sophia Ravazzani, Naomi Nelson, Marifé Quesada, Elsa Aitchison
  • Duração: 7 minutos

Sentir-se fora do lugar e querer pertencer. Há uma relação confusa de Elle com aquele universo, entre a admiração e a reprovação. Seus sentimentos são condizentes não só com sua idade, sua reafirmação da personalidade e toda a transformação hormonal por que passa, são também a resposta para o tratamento que recebe do grupo, numa mistura entre o julgador, o condescendente e o debochado também comum da idade, no caso das outras.

Ditos e não-ditos, feitos e não-feitos acabam irrompendo em fúria e sangue. Metáfora dada, apreendida ou não, Crimson Ties  parte para o slasher, em efeitos simples, quase artesanais, e quebras temporais. Há uma simplicidade que intenciona parecer sofisticada, e isso é positivo, mas há também uma crueza que faz com que o filme não aconteça totalmente. 

Primeiro curta de Francesa Scorsese, filha de Martin Scorsese e que fatalmente vai ter sobre seu trabalho o peso desse sobrenome, o filme tem todos os deslizes de quem está começando e a empolgação de uma amante do cinema de gênero. É curioso perceber elementos externos na obra, algo que é uma marca de seu pai. Uma menina mais nova em uma reunião de meninas mais velhas que podem fazer várias outras coisas que ela ainda não pode/nunca fez antes. E o vermelho e o sangue que mesmo sem querer levam a gente a lembrar de outros começos.

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Crimson Ties é um exercício, que experimenta tempo, planos e montagem. E é curioso como não se interessa apenas pela estética, trazendo a sua própria leitura do tornar-se mulher, adulta, e dona de algo. Tem coisas interessantes e outras, apegadas à obviedade de elementos, que não funcionam tão bem, mas não é só um capricho de quem pode, tem vontade de mostrar.

Um grande momento
Tranformando-se

[Tribeca Film Festival 2022]

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Cecilia Barroso

Cecilia Barroso é jornalista cultural e crítica de cinema. Mãe do Digo e da Dani, essa tricolor das Laranjeiras convive desde muito cedo com a sétima arte, e tem influências, familiares ou não, dos mais diversos gêneros e escolas. É votante internacional do Globo de Ouro e faz parte da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Critics Choice Association, OFCS – Online Film Critics Society e das Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
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